Diálogo entre Herbert Marcuse e Paulo Freire: Uma Proposta de Libertação da Ideologia da Técnica a partir da “Pedagogia do Oprimido”
Paulo Freire, em sua crítica à educação bancária em Pedagogia do Oprimido faz uma análise da educação tecnicista. Para tanto, o filósofo educador vai até a crítica à ideologia da sociedade industrial de Herbert Marcuse. Marcuse mostra que a razão técnica desenvolvida na modernidade converte o caráter reflexivo do pensamento em sua instrumentalidade. Ao assumir um ponto de vista universal, a finalidade da razão passa a ser o controle total da natureza e, por conseguinte, do meio social. Esse modo instrumental de pensar é quantitativo; toma formas ontológicas; e, abstraindo a realidade concreta do sujeito histórico, torna-se o modo dominante de pensar a realidade, ou melhor, é a forma ideológica do pensamento da sociedade capitalista do bem-estar social. Essa ideologia é exportada do Ocidente para ser imposta à consciência do oprimido e, como consequência, nega a humanidade e a construção da realidade pelos esfarrapados do mundo. A fim de combater essa ideologia que gera a opressão nas sociedades emergentes do “terceiro mundo”, questionamos como os textos “Homem Unidimensional” e “Eros e Civilização” de Herbert Marcuse podem nos ajudar a compreender as contradições de uma sociedade em trânsito que necessita a construção de uma pedagogia para o oprimido?