Esta dissertação visa aferir a distância entre a concepção freudiana teórica do Eu e a concepção moderna de sujeito, bem como os restos de modernidade da obra freudiana. Para isso, apresentaremos a construção dedutiva do Eu de Descartes a partir do cogito e a subjetividade transcendental de Kant, utilizados como exemplos da centralidade do sujeito, identificado com a razão, no ato de conhecer e codificar legitimamente o mundo. Passaremos para o descentramento operado pelos filósofos contemporâneos e o breve exemplo do desmonte que Nietzsche realiza sobre esses dois filósofos modernos para, então, chegarmos a Freud. Destacando três importantes momentos de sua obra, representados por três importantes textos, analisamos as nuances do conceito de Eu em cada uma delas para concluirmos que este perde a centralidade mas preserva a ilusão de unidade; e que Freud, quanto mais se afasta da moralidade, mais radicaliza a psicanálise enquanto uma experiência inter-subjetiva.