CORPO, VIDA NUA E SOBREVIVÊNCIA A PARTIR DE GIORGIO AGAMBEN
A presente pesquisa investiga como a vida nua se reinsere na contemporaneidade e como contribui para a análise das relações de cálculo e sobrevivência de corpos esgotados. Para tanto, revisa o conceito na obra de Giorgio Agamben, especificamente no interior de seu projeto filosófico chamado Homo Sacer, relacionando-o ao que o autor designa como paradigma biopolítico contemporâneo, isto é, ao campo de concentração. A hipótese é de que a politização da morte nos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial exigia da vida nua sua excitabilidade última, ou seja, sua sobrevivência, ligando-a a uma estrutura de reprodutibilidade da própria economia interna dos campos. Em outras palavras, o processo de centralização da vida nua nos cálculos do poder se incumbe de fazer sobreviver um corpo esgotado por meio de sua mobilização total no interior do estado de exceção. Tal mobilização submete constantemente os corpos à prontidão, colocando-os a serviço do paradigma que os governa, internalizando assim as disciplinas, autodisciplinas e as tecnologias biopolíticas de dominação. Nesta abordagem, significa dizer que a vida nua, em seu estado de mobilização total, não é apenas uma sobrevivência abandonada à própria sorte, mas também um corpo esgotado, atravessado por dentro e por fora por técnicas disciplinares e técnicas de controle, imediatamente ligadas ao próprio estado de exceção permanente e à sua estrutura de reprodução.