"A casa do desespero": religião, modernidade e capitalismo em Walter Benjamin
Esta pesquisa analisa o fragmento Kapitalismus als Religion [Capitalismo como religião], do filósofo e crítico literário alemão Walter Benjamin. Redigido em 1921, mas descoberto apenas em 1985 por Rolf Tiedemann e Hermann Schweppenhäuser, editores da obra e espólio benjaminianos após a morte de Theodor W. Adorno, o fragmento assemelha-se mais a um comentário pessoal do que a um ensaio. Nesta pesquisa, tenta-se, primeiramente, uma rigorosa análise filológica deste texto enigmático. Para tanto, investiga-se, no primeiro capítulo, as possíveis fontes de diálogo de Benjamin: Max Weber, Nietzsche, Simmel, Bloch. No segundo capítulo, analisam-se conceitos importantes do fragmento, como culpa e mito, ao longo da obra de Benjamin (até 1925), para situar o Kapitalismus als Religion dentro da problemática discutida pelo filósofo. No terceiro e último capítulo pretende-se observar como as discussões em torno do capitalismo como religião são apresentadas como “aspecto e teologia infernal da modernidade” no trabalho sobre as passagens parisienses, especialmente no Exposé de 1939 e no Konvolut D, intitulado “Tédio e eterno retorno”.