A metafísica universal, segundo Paul Deussen - Capítulo 1: Os elementos da metafísica
Será feita, primeiramente, uma introdução biográfica, na qual será brevemente reconstituída a gênese histórica do pensamento filosófico de Paul Deussen (1845-1919), a qual culmina em sua primeira obra, 'Os elementos da metafísica', publicada pela primeira vez em 1877. Veremos aqui, sobretudo, como a opção desse autor pela carreira filosófica é produto de dois interesses prévios: um teológico, que persistiu mesmo após sua desilusão com igreja, e um científico, fruto de seu trabalho filológico, em especial com a literatura sânscrita. Mencionaremos também que tipo de influência pessoal o jovem Nietzsche teria tido na definição do caminho intelectual de Deussen, seu amigo. Em seguida, nos voltaremos mais diretamente à análise dessa obra em si. Comentários prévios versarão a respeito de como definir a filosofia de deusseniana, que se caracteriza pela alta fidelidade ao pensamento de Arthur Schopenhauer (1788-1860), embora, ainda assim, não como uma mera cópia, mas como uma apropriação original. Refletiremos sobre sua visão universalista conciliadora, que, por um lado, se inspirou na teoria filológica desenvolvida por Franz Bopp (1791-1867) acerca de uma "gramática universal", e, por outro, na doutrina do idealismo transcendental, fundada por Immanuel Kant (1724-1804) e "arrematada" por Schopenhauer. Apresentaremos – e comentaremos, em seguida – a nossa tradução completa do prefácio à primeira edição de 'Os elementos', que prega um "ponto de vista de reconciliação de todas as oposições", no qual todas as doutrinas filosóficas e religiosas produzidas em todos os tempos e lugares soariam harmonicamente, e no qual ciência e religião não mais entrariam em conflito. De acordo com Deussen, essa perspectiva teria sido alcançada pelo idealismo kantiano-schopenhaueriano, razão pela qual ele se torna a principal base teórica do seu próprio pensamento. Analisaremos, também, as considerações preliminares feitas por ele a respeito da diferença entre física e metafísica. Apresentaremos, provisoriamente, o resumo do conteúdo dessa obra feito por Franz Mockrauer, em seu artigo publicado no nono anuário da Sociedade Schopenhauer (1920), em nossa tradução. Por fim, analisaremos um segundo prefácio, à terceira edição (1902), no qual o autor faz um suplemento em defesa do idealismo, enquanto perspectiva que supera, mas não exclui a do realismo.