Por uma história dos "ninguéns": atravessando limiares e fronteiras com Walter Benjamin e Achille Mbembe
O presente estudo, que abarca os entrelaçamentos e consonâncias conceituais entre Mbembe e Benjamin, objetiva refletir sobre a concepção temporal subjacente à modernidade e ao colonialismo, tendo em vista o método de trabalho e as filosofias da história de ambos os autores, as quais implicam uma ruptura e uma abertura da história. O primeiro capítulo é dedicado a Walter Benjamin e à interpretação de noções extraídas de textos que trazem importantes contribuições a sua configuração de história como as de limiar, destino, culpa, fantasmagoria e violência revolucionária. O segundo capítulo é dedicado a Achille Mbembe e às suas reflexões antirracistas e descoloniais articuladas com base nos conceitos de razão negra, fronteira, tempo negro, arquivo e necropolítica. Partindo de uma leitura entrecruzada de Crítica da Razão Negra (Mbembe) e “Sobre o conceito de história” (Benjamin), o terceiro e último capítulo pretende realizar uma espécie de síntese entre os dois primeiros, buscando ler a presença e os vestígios da violência colonial no capitalismo atual, indicando ainda como esta violência multilateral implica o abuso e a exploração física, o apagamento histórico, o silenciamento e a negação dos vencidos, relegando-os à condição de “ninguém”.