A crise cética de Hume no Tratado da Natureza Humana
Na última seção do primeiro livro do Tratado da Natureza Humana (1.4.7) Hume avalia os resultados de sua investigação até então e reconhece motivos, decorrentes de suas dúvidas céticas, para duvidar da solidez de sua filosofia. No entanto, a passagem mantém dificuldades interpretativas próprias que levam dois comentadores, Garrett e Fogelin, a discordarem sobre o se há um assentimento do autor a essas dúvidas e sobre o estatuto da sua filosofia após a vivência da crise cética nesta seção. O objetivo deste trabalho é discutir as causas da crise cética tal como exposta em 1.4.7 e a sua relação com o desenvolvimento do pensamento humeano. Faremos isso através do exame dessas duas interpretações, uma que enfatiza os aspectos céticos e outra que os mitiga. Ao fim, pretendemos julgar qual dos dois comentadores apresenta uma interpretação que seja mais adequada a natureza do pensamento humeano, privilegiando o papel da imaginação.