Espinosa, imaginação e a produção da servidão
Na gênese do neoliberalismo encontramos uma profunda desilusão com os ideais liberais. Essa desilusão ganha força após as práticas que autorizaram os países a entrarem em guerra no início do século XX, uma vez que o sucesso desses empreendimentos indicavam contradições profundas na teoria liberal. Autores como Walter Lippmann (1889-1974) e Edward Bernays (1891-1995) encontraram a acrasia como parte constituinte da condição humana e desenvolveram teorias e práticas que primavam mais pelo controle da população através de sua imaginação do que pela pretensa liberdade do ideal liberal clássico. A presente dissertação visa investigar a contribuição que a teoria espinosana pode oferecer para lidarmos com a questão, criticando práticas que se estabelecem a partir da promoção da servidão de uma população por meio da mobilização da imaginação de seus membros. Objetivando explicitar a dissolução da acrasia na teoria do autor seiscentista, iremos analisar o primeiro gênero de conhecimento, a força política dos afetos e o processo pelo qual se dá a servidão em Espinosa (1632-1677). Com esse movimento, esperamos poder demonstrar a possibilidade de superação da solução neoliberal e publicitária.