A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR ENTRE A SUBJETIVIDADE NEOLIBERAL E RESISTÊNCIAS
Em meio às reformas curriculares decorrentes de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), questiona-se, qual estudante pretende-se formar? Qual sujeito pretende-se formar? Do protagonismo estudantil das ocupações de escolas ao protagonismo imposto na BNCC, a educação brasileira atravessou os últimos anos entre reformas, contestações e conflitos. A partir de Michael Apple, o currículo está longe de ser um documento neutro, refletindo relações de poder, de classe e hegemonia, porém, revelando também o currículo como conflito. No contexto brasileiro, a reforma empresarial da educação avança sobre estudantes e trabalhadores, buscando formar o seu sujeito. Nos termos de Pierre Dardot e Christian Laval, a partir de Michel Foucault, nos deparamos aqui com o sujeito neoliberal, assumindo sua forma-empresa, projetado na escola a internalizar uma conduta empreendedora e competitiva, ainda que de forma precária, inserido em perspectivas de trabalho também precárias. As recentes reformas curriculares nos permitem então, debater a forma-empresa e a forma-escola. Contudo, o projeto de um estudante protagonista e disciplinado a formar uma subjetividade adequada ao neoliberalismo, não está dado sem contestações. A BNCC nasce e se aplica entre a subjetividade neoliberal e as resistências ao projeto, nas quais permitem vislumbrar alternativas para a escola. Ainda é possível pensarmos a escola, como defendem Jacques Rancière, aproximando-se de Jan Masschelein e Maarten Simons, como tempo e espaço produtor da igualdade, para além da ordem produtiva?