Uma negatividade para além da negação: a dialética e o caso do objeto a
Esta pesquisa tem como objetivo principal avaliar filosoficamente a possibilidade de uma negatividade para além da negação dialética. Tal questão emerge das provocações de Ernesto Laclau junto ao marxismo, a partir de questionamentos sobre o estatuto do antagonismo e da negatividade mobilizados por tal tradição e se estes seriam suficientes para uma efetiva transformação social. Para responder isso, em um primeiro momento, como disparador dessa reflexão, analiso na psicanálise lacaniana como o objeto a, enquanto causa de desejo, desmente o pleno e total funcionamento da lógica fálica, fazendo emergir um tipo de lógica que mobiliza uma negatividade para além do desejo puro dos significantes e do operador falo nos termos da falta e da Aufhebung. Em um segundo momento, investigo os compromissos e pressupostos, bem como limites e impotências da dialética hegeliana, buscando desmentir sua imagem de única lógica do negativo ou de teoria paradigmática para pensar a negatividade em filosofia, dado que se restringe à negação determinada e como esta está conjugada à contradição e à reconciliação. Como sequência desta investigação crítica, em um terceiro momento, passo para a teoria marxista, apresentando a desmistificação materialista da dialética operada por Marx, bem como a elevação desta, por parte de seus herdeiros, a uma matriz teórica paradigmática para pensarmos a negatividade e efetivarmos a transformação, extrapolando a aplicação e o campo dados pelo autor, transformando tal lógica em uma forma fetichizada e canônica de mudança e descrição negativa. Por fim, aponto os próximos passos desta pesquisa, a saber, a criação de paralelos entre a lógica dialética e a lógica fálica lacaniana, para que possamos pensar o que faria a função do objeto a para a lógica dialética, o que viria de uma outra cena e desmentiria a sua potência e abrangência.