Investigando a Lua: As Práticas Epistêmicas em uma Sequência de Ensino Investigativa para o Ensino de Astronomia
O presente estudo se insere numa perspectiva de pesquisa qualitativa, que aborda três grandes temáticas: “ensino de astronomia”, “ensino de ciências por investigação” e “práticas epistêmicas”. Nosso principal objetivo de pesquisa é identificar quais são as práticas epistêmicas mobilizadas pelos estudantes durante uma sequência de ensino investigativa (SEI) de astronomia e analisar como elas se relacionam com as etapas da SEI. Para tanto, em uma das etapas metodológicas, desenvolvemos uma SEI de astronomia cujo o tema central foi a “Lua” e temáticas relacionadas a esse astro (fases da Lua, eclipses e História das Ciências). Aplicamos essa sequência durante algumas aulas de Ciências do 8º ano em uma escola particular localizada na cidade de Arujá-SP. Os dados analisados nesta pesquisa advém da coleta de dados realizada durante essa aplicação, que ocorreu por meio de gravações de áudio e vídeo, observação participante, diário de campo e produções escritas dos estudantes. A partir das análises, delimitamos a ocorrência de quatro episódios, contudo, nesse texto de qualificação, analisamos e apresentamos apenas os resultados relacionados ao episódio 1 (“O que são e como demonstrar as causas das fases da Lua?”). As gravações audiovisuais foram transcritas e as produções escritas escaneadas, para que a partir disso fizéssemos a interpretação e categorização das práticas epistêmicas mobilizadas pelos estudantes nessas situações, tendo como base a lista de categorias de análise produzida por Silva (2015). Verificamos que certas práticas epistêmicas são mobilizadas mais vezes em determinada etapa da SEI, enquanto que outras começam a ser mobilizadas apenas quando determinada atividade se inicia. Assim, nossos resultados parciais indicam relações entre a mobilização de práticas e as etapas da SEI, sendo possível perceber que algumas atividades e/ou etapas da SEI estimulam e incentivam o trabalho de práticas específicas em detrimento de outras. Como dito, para nosso trabalho de categorização das práticas epistêmicas mobilizadas, adotamos um conjunto de práticas já existente na literatura, mas julgamos que certas ações dos estudantes participantes não se relacionavam com nenhuma dessas práticas, o que exigiu a “criação” de uma nova prática intitulada “identificar/classificar”, mobilizada diversas vezes pelos estudantes ao longo do episódio 1, tanto de forma oral como de forma escrita. A princípio, entendemos que essa prática seja comum ao ensino de astronomia, devido as suas características.