ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA NAS SÉRIES INICIAIS: EXPLORANDO UM ESTUDO DE CASO A PARTIR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS PAUTADAS NA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA CRÍTICA.
O ensino de ciências no ensino nos anos iniciais, vem sendo objeto de estudo de inúmeras pesquisas acadêmicas, como apontam Delizoicov e Angotti (2000) sendo, no entanto, a grande maioria voltadas à formação de professores. As pesquisas que envolvem a aprendizagem das crianças são ainda uma quantidade inexpressiva, o que revela a necessidade de investimento acadêmico no sentido de obtermos informações consistentes sobre a eficácia dos processos de ensino na aprendizagem das crianças e na promoção da alfabetização científica das mesmas. O presente trabalho surge a partir da necessidade observada por esta pesquisadora, em seu percurso profissional, de investigar e investir em ações formativas e de monitoramento das aprendizagens nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, com relação ao ensino e aprendizagem de ciências. Observamos que as crianças, em geral, têm um interesse aguçado por atividades que promovem descobertas, que possibilitam a compreensão de fenômenos sobre o mundo que as rodeia e um perfil questionador bastante interessante. Acreditamos que promover situações de aprendizagem que propiciem a resolução de problemas, levantamento de hipóteses, verificação e generalização dos conhecimentos adquiridos ou seja, atividades que ampliem a capacidade investigativa das crianças, desde o início de seu percurso escolar, podem contribuir para a compreensão das mesmas sobre os fenômenos científicos do seu contexto de vida. Logo, este trabalho se propõe a elaborar e propor sequências didáticas que privilegiem estratégias e o desenvolvimento de habilidades de investigação, troca de conhecimentos, levantamentos de hipóteses acerca das diferentes possibilidades, ou seja, que possa desenvolver nos alunos a capacidade de não aceitar o conhecimento científico como algo pronto e acabado, como verdade absoluta, mas sim, um conhecimento que é fruto de um processo de descobertas e construção, produto de um contexto histórico e que pode a qualquer momento ser questionado ou até mesmo superado por uma nova descoberta. A Aprendizagem Significativa Crítica (MOREIRA, 2005) traz essa postura ao indivíduo, o possibilita conhecer e participar de sua cultura, sem se tornar dependente dela podendo questioná-la ou até refutá-la caso seja este o caso. Desta forma temos como questão de pesquisa: a Aprendizagem Significativa Crítica, por meio do ensino por investigação, podem contribuir para promover a alfabetização científica em alunos dos 1° anos iniciais? As nossas sequências didáticas estarão ancoradas nos seguintes referenciais teóricos: Teoria da Educação Subversiva e as sete operações intelectuais propostas por Postman (1969) e a Aprendizagem Significativa e seus princípios, proposta por Moreira (2005), a Teoria Crítica de Paulo Freire (1996) e com a abordagem de Ensino Investigativo proposto por Carvalho (2013). Nesta perspectiva, esta pesquisa, de natureza qualitativa, caracterizada como um estudo de caso, o objetivo principal de investigar como o desenvolvimento de sequências didáticas, baseadas nos pressupostos teóricos anteriormente citados, podem contribuir para promover a alfabetização científica de alunos do primeiro ano inicial. Para a coleta de dados serão consideradas as sequências didáticas elaboradas pela pesquisadora e as professoras das turmas dos primeiros anos iniciais de uma unidade escolar da Grande S. Paulo, cujos registros das crianças, tanto orais quanto escritos, serão analisados à luz do referencial teórico dos Indicadores de Alfabetização Científica propostos por Sasseron e Carvalho (2008). Neste contexto, espera-se, a partir dos resultados obtidos, corroborar se de fato Sequências Didáticas que privilegiam a Aprendizagem Significativa Crítica, e que permeiam as sete operações intelectuais com abordagem investigativa, são uma possibilidade de trabalho com a faixa etária em questão, e contribuem para a Alfabetização Científica das crianças. Uma possibilidade seria tomar esta pesquisa como base para uma proposta de trabalho para professores dos anos iniciais, fomentando a viabilidade de formar cidadãos críticos, por meio do ensino de ciências, desde a infância.