A natureza abstrata da Química torna essa área potencial para o uso de analogias em seu ensino, e caso não conduzidas corretamente podem gerar obstáculos epistemológicos. Nesse sentido, o tema ligação química tem grandes possibilidades de reforçar concepções alternativas por parte dos estudantes. De acordo com Mortimer et al. (2009), salas de aula são espaços sociais complexos, nos quais o professor busca meios de interagir com dezenas de estudantes com o intuito de desenvolver um ponto de vista muito particular: o pensamento científico. Em qualquer sala de aula, há uma inevitável heterogeneidade de modos de pensar e falar, que precisam ser compreendidos para que o processo de ensino logre sucesso. Pensando nisso, em meados dos anos 1990, Mortimer propôs os perfis conceituais como uma maneira de compreender a heterogeneidade do pensamento e da linguagem em salas de aula de ciências. Perfis conceituais devem ser entendidos, pois, como modelos de diferentes maneiras de ver e representar o mundo, utilizadas pelas pessoas para significar sua experiência (Mortimer, 1994). Cada indivíduo tem um perfil conceitual próprio, que se diferencia de outros perfis pela importância conferida às chamadas zonas conceituais, que representam modos particulares de pensar conceitos. A literatura em ensino de ciências vem, já há alguns anos, valendo-se de diversas perspectivas metodológicas para a elaboração de perfis conceituais e para a identificação de suas zonas (Mortimer; El-Hani, 2014). Considerando a necessidade de propor um perfil para o conceito de ligação química, o objetivo deste trabalho é colaborar para essa finalidade. O método empregado foi a revisão das investigações sobre a teoria dos perfis conceituais e análise de fontes secundárias da história da ciência. Em relação às possíveis zonas conceituais para ligação química foram observadas as zonas: animista, sensorialista, essencialista, substancialista, racionalista clássica e racionalista moderna.