A Formação de Professores antirracistas através das africanidades: descolonizando práticas, ressignificando saberes
Esta tese busca apresentar discussões voltadas à Formação de Professores Antirracistas considerando o campo da Educação como espaço propício para práticas de descolonização e ressignificação dos saberes construídos no campo acadêmico. Quando pensamos em Educação, somos de pronto direcionado a uma série de correntes teóricas, onde as discussões sobre o tema possuem características próprias considerando o tempo e o espaço em que metodologias e ações foram idealizadas, praticadas, absorvidas, repensadas e refutadas. Faço uso de uma metodologia intitulada de Análise Preta do Discurso que surge como uma subversão da ordem discursiva hegemônica evidenciando as pesquisas acadêmicas pretas. Vale ressaltar que essa metodologia busca a aproximação com os discursos acadêmicos nos mais diferentes espaços geográficos considerando não só os sentidos, como também a essência pelo qual foram criados e como podem ser aplicados na Formação de Professores. Com isso, considero o lugar de preto como um lugar de fala ancestral, com a responsabilidade sobre o que se diz, pois o discurso é permeado de essências precedentes à minha existência. A decolonialidade é vista como um instrumento discursivo combativo aos discursos hegemônicos. Os discursos são palavras de encruzilhadas, ou seja, todas aquelas que perpassam a rua. Está na conversa pelo celular de um transeunte, assim como no silêncio das esquinas e o encantamento através das palavras que Formam Professores e alunos. Não fica de fora nessa pesquisa, a ideia de circularidade das epistemologias éticas de terreiro como uma das inúmeras possibilidades de uso e trabalho no campo da Formação de Professores e a aplicabilidade desses saberes no chão da escola. A literatura preta é vista aqui como uma Literatura da Representatividade, como uma resposta as ausências de discursos pretos que possam empoderar através da literatura, crianças, jovens e adultos. O campo da Ciência e Tecnologia preta não foi deixado de fora e foi valorizado para que o imaginário social sobre esse campo não seja mais entendido como um espaço privilegiado e protegido pela égide eurocêntrica ou norte-americana. Por fim, as reflexões sobre o uso de músicas na Formação de Professores buscou letras que correspondem à realidade de estudantes da educação básica e que podem ser utilizadas como material de formação discente. Com essa proposta uma proximidade de docentes com discentes foi criada a partir da realidade pela qual esse grupo de discentes está inserido culturalmente.