Experimentações decoloniais no ensino de Matemática: Buscando caminhos por meio da pesquisa-ação
A colonialidade é uma herança do período colonial que perdura até os dias atuais, impondo paradigmas que hierarquizam e subalternizam povos e culturas, principalmente respaldados pela teoria da Modernidade/Colonialidade. Para transgredir as lógicas opressivas da colonialidade é requerida uma luta constante que considere as diferentes realidades, histórias e lutas sociais, para que, desta forma, ocorram fissuras neste paradigma. O presente trabalho propôs, num primeiro momento, compreender o cenário de publicações envolvendo a temática decolonial, descolonização e ensino de matemática por meio de uma revisão bibliométrica e uma revisão sistemática. À partir de um projeto de extensão, foi constituído um grupo com professores da Educação Básica e a comunidade acadêmica, formada pelos pesquisadores diretamente envolvidos no projeto e convidados especialistas, voltado a pensar práticas pedagógicas nesse olhar decolonial. Ao fim da ação de extensão, os professores desenvolveram um livro com propostas paradidáticas para auxiliar outros professores e os próprios participantes a repensarem suas práticas. A pesquisa teve como metodologia a pesquisa-ação pedagógica, que apresenta uma perspectiva crítico-dialética cujo compromisso consiste na formação continuada de professores, procurando provocar o profissional para se tornar um sujeito reflexivo, capaz de modificar a si mesmo e a sua realidade. Foi realizada a análise dos debates do projeto de extensão. Apesar do desconhecimento sobre decolonialidade, foi possível perceber que os professores, no geral, têm como objetivo tornar suas práticas mais emancipatórias. Porém, mostrou-se recorrente a insegurança em trazer conteúdos dos quais não se possui o pleno domínio. Decorrente desta insegurança, foram construídas em conjunto propostas didáticas que pudessem auxiliar seus pares na construção deste caminho decolonial. A formação bancária dos professores sujeita os mesmos a se manterem como os detentores de conhecimento. Contudo, os resultados demonstram a necessidade da construção de redes, pois o conhecimento não precisa estar centrado em um indivíduo e, sim, pode ser construído conjuntamente.