PPGENS PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO E HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS E DA MATEMÁTICA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Telefone/Ramal: (11) 4996-8391 http://propg.ufabc.edu.br/ppgens

Banca de QUALIFICAÇÃO: RENAN SIQUEIRA DA SILVA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : RENAN SIQUEIRA DA SILVA
DATA : 23/06/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Remoto
TÍTULO:

O cinema como fonte histórica da ciência: uma análise da ficção-científica brasileira produzida durante a ditadura militar (1964-1985)


PÁGINAS: 100
RESUMO:

A discussão sobre a necessidade de se expandir o conceito de fonte histórica
englobando qualquer manifestação humana no tempo remonta às primeiras décadas do
século XX, quando se defendia a superação da concepção de que apenas documentos
oficiais tinham valor histórico e, consequentemente, se privilegiava a vertente da
histórica política. A partir da premissa da história problema, estre trabalho propõe a
utilização do cinema como fonte para a história das ciências brasileiras. O recorte
temporal abarcado se refere ao período da ditadura militar brasileira (1964-1985), que
foi caracterizada pela violação de inúmeros direitos humanos, sendo responsável pela
censura, perseguição, tortura e morte pessoas oriundas de diferentes grupos sociais. A
comunidade acadêmica e científica também sofreu os impactos deste período obscuro
de nossa história. No caso das ciências, a relação dos militares com este campo do
conhecimento foi marcada por contradições, sendo caracterizada por um duplo
comportamento. Por um lado, o Estado Brasileiro financiou diversos projetos de
pesquisa, promovendo o crescimento da atividade científica no país e possibilitando a
criação e o crescimento de instituições no período como, por exemplo, a Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP). Por outro lado, sob a alegação da constante
ameaça da disseminação da agenda anticomunista, o mesmo Estado atuou de modo
coercitivo, alterando drasticamente o destino de diversos cientistas e das instituições das
quais eles faziam parte como o ocorrido na Universidade de Brasília (UNB). A esfera
cinematográfica também foi influenciada pela conjuntura política, econômica e
científica do período. No contexto internacional, filmes de Ficção Científica com tramas
distópicas cresceram consideravelmente. Estas obras passaram a questionar o projeto de
desenvolvimento científico, abordando possíveis consequências da exploração irrestrita
dos recursos naturais e do aumento do poderio bélico dos países. Este crescimento
também se manifestou no Brasil. Alguns cineastas oriundos do Cinema Novo passaram
a utilizar obras de Ficção Científica para, de forma alegórica, criticarem o regime
instalado no país. Outros movimentos também se aventuraram no gênero como foi o
caso das chanchadas, pornochanchadas, cinema marginal, entre outros. Em nosso
trabalho analisamos as imagens científicas veiculadas em obras fílmicas brasileiras de
ficção científicas lançadas no período objetivando contribuir com o debate
historiográfico dedicado ao estudo das relações entre ciência, política, economia e
questões sociais durante o regime ditatorial. Para tanto, foram utilizadas as bases de
dados da Cinemateca Nacional e do Arquivo Nacional, além da consulta de jornais e
outras fontes de informação do período. Nos apoiamos nos pressupostos teóricos da
análise de conteúdo categorial propostos por Bardin (2011) e da análise fílmica
propostos por Vanoye e Goliot-Lété (2013) para realizar a análise dos filmes. Os
resultados preliminares apontam que os movimentos contraditórios de repressão-
investimento e acomodação-resistência também se manifestaram no campo
cinematográfico. Por um lado, parte da produção fílmica retratou a ciência como um
caminho frutífero para a desenvolvimento econômico e social, tal qual os militares
advogavam. Por outro, alguns filmes adotaram tom crítico frente as atividades

científicas, defendendo a necessidade de se repensar a concepção de progresso, visto
que durante o século XX, o desenvolvimento científico não implicou necessariamente
na promoção de uma sociedade mais igualitária. Estas obras recorriam à utilização de
alegorias objetivando fugir da censura imposta pelo Estado, embora diversas produções
tenham sofrido censura seja por meio da limitação de público, imposição de cortes ou
até mesmo a proibição completa de circulação do filme. Além do caráter contestador em
relação ao desenvolvimento científico, algumas destas obras foram censuradas em
função da classificação dos seus realizadores como potenciais ameaças, visto que os
militares os consideravam como simpatizantes do comunismo. Outra motivação para
censurar as obras decorreu de questões morais relacionadas ao ato sexual.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - Interno ao Programa - 1660201 - BRENO ARSIOLI MOURA
Membro Titular - Examinador(a) Interno ao Programa - 1488255 - LUCIO CAMPOS COSTA
Membro Titular - Examinador(a) Externo à Instituição - OLIVAL FREIRE JR. - UFBA
Membro Suplente - Examinador(a) Interno ao Programa - 1032643 - GRACIELLA WATANABE
Membro Suplente - Examinador(a) Externo à Instituição - JOSÉ EDUARDO FERRAZ CLEMENTE - UNIVASF
Notícia cadastrada em: 12/05/2023 15:59
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