A divulgação cientifica em tempos de movimentos anticiência: proposições para novos desafios democráticos
A divulgação científica tem sido tratada na área de ensino de ciências como um importante meio de promover o engajamento de estudantes na aprendizagem científica. No contexto não-formal, debate-se, em especial, sua relevância em promover atualizações dos saberes científicos a um público amplo e, consequentemente, colaborar na educação científica e fornecer subsídios para o exercício da cidadania em uma sociedade democrática. Contudo, o modelo de déficit de informação, considerado norteador hegemônico de práticas de divulgação científica, acumula críticas e mostra sinais de esgotamento ao lidar com problemas contemporâneos como movimentos anticiência. Adicionalmente, se mostra insuficiente para se pensar perspectivas de atuação política na divulgação científica. Diante do exposto, o presente trabalho visa debater o papel social e político da divulgação científica (e a sua ausência) nos processos de democratização e desdemocratização da sociedade brasileira a partir da construção de um quadro teórico apropriado à complexidade filosófica, social e política do problema e articulando discursos existentes na literatura na forma de um panorama epistemológico que dê suporte para propostas, tanto no ambiente do ensino de ciências como em contextos correlatos, para mobilizar a divulgação científica como instrumento de diálogo entre cientistas e sociedade para a promoção e defesa da democracia.