A NATUREZA DA CIÊNCIA NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E NOS MUSEUS DE CIÊNCIAS: UMA ANÁLISE DA EXPOSIÇÃO DO MUSEU DO AMANHÃ
Há algumas décadas a sociedade se encontra cada vez mais diante de diversos desafios envolvendo a Ciência e a Tecnologia, que se intensificam ao longo do tempo e de acordo com o contexto histórico, político e social. Com isso, diferentes aspectos, abordagens e práticas na Educação Científica buscam aproximar e ampliar a visão sobre ciência dos estudantes e dos cidadãos no geral, entre estas abordagens se encontram o conceito de Natureza da Ciência, e também a prática da Divulgação Científica e os Museus de Ciência. A chamada Natureza da Ciência tem sido amplamente discutida nos currículos educacionais em diversos locais do mundo, e entre as suas características, traz elementos da História, Filosofia e Sociologia da Ciência com intuito de contribuir para uma visão amplificada sobre ciência e sobre a dinâmica da construção do conhecimento científico. Por outro lado, os Museus e Centros de Ciências são consensualmente considerados como espaços importantes para a Educação e Divulgação Científica, promovendo a Alfabetização Científica e funcionando como uma interface nas relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade, além de serem historicamente ambientes de produção de conhecimento científico e locais onde a história da ciência é presente, através de suas exposições e atividades educativas e também pela preservação de artefatos científicos e tecnológicos históricos. Nesse sentido, os Museus de Ciências, a Divulgação Científica e a Natureza da Ciência assumem um papel importante na difusão e compreensão acerca da prática científica como um todo. Utilizando uma abordagem qualitativa, a presente pesquisa tem como objetivo analisar parte da exposição principal do Museu do Amanhã, um Museu de Ciências localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Em específico, a seção da exposição denominada “Cosmos”, visando identificar quais e como as características da Natureza da Ciência estão presentes no discurso expositivo deste espaço. Como complemento, foi analisado também parte do livro “Museu da Amanhã”, disponibilizado pela instituição e que contém informações sobre sua exposição permanente. Para a análise, utilizamos como principal referencial teórico a “Abordagem de Semelhança Familiar”, um modelo conceitual sobre a Natureza da Ciência proposta inicialmente por Irzik e Nola (2011), e que posteriormente foi estendido por Dagher e Erduran (2014). Este modelo, em sua versão estendida, explora as diferentes características da produção e disseminação do conhecimento científico em duas grandes categorias: cognitivas-epistêmicas e socioinstitucionais. Finalmente, apresentamos nossas considerações sobre o que foi identificado e articulado com o referencial teórico.