Avaliação Citotóxica, Mecanismos de Morte Celular e Efeito Sinérgico com Íon Cu2+ de Neolignanas e Alcaloides sobre Linhagens Celulares de Câncer de Mama Humano
Neste trabalho, foram isoladas, do extrato hexânico das folhas de Ocotea cymbarum (H. B. K.) Nees (Lauraceae), duas neolignanas – biseugenol (I) e dehidrodieugenol B (II), cujas estruturas foram determinadas por RMN e EM e em comparação com dados da literatura. Tais compostos tiveram sua atividade citotóxica avaliada frente as linhagens de câncer de mama MCF7 e MDA-MB-231, usando o ensaio colorimétrico de MTT, sendo o composto I pouco ativo (CI50 >500 uM) e o composto II, ativo frente às linhagens testadas, com CI50 variando entre 100 e 250 uM. Além disso, foi avaliado o mecanismo de morte induzido pelo composto II usando marcação com Anexina-V/ FITC e iodeto de propídio com diferentes tempos de tratamento. Foi possível determinar que, a partir de 24 h de incubação das céulas MCF7 com o composto II, 37% da população celular estava com fosfatidilserina externalizada, indicando assim que o composto induz apoptose no modelo de MCF7. Para avaliar os efeitos sinérgicos entre os compostos I e II com o ion Cu2+, as células (MCF7 e MDA-MB-231) foram incubadas com soluções equimolares dos compostos com Cu(ClO4)2.6H2O e a viabilidade celular foi determinada pelo ensaio de MTT. Pode-se observar que não há diferença na citotoxicidade quando o composto II é combinado com a solução de cobre, entretanto a combinação entre o composto I e Cu+ leva a um aumento na citotoxicidade, com valores de CI entre 100 e 250 uM. Avaliou-se o comportamento dessa mistura em esferoides de MCF7 para compreender os efeitos causados levando em consideração as características do microambiente tumoral, usando marcação fluorescente e imageamento por microscopia de fluorescência. Foi possível observar que nas regiões de quiescência e no núcleo necrótico do esferoide há maior intensidade de fluorescência no filtro vermelho, indicando maior proporção de células mortas, sugerindo assim que essa combinação permeia o esferoide. O desbalanço de cobre intracelular causado pela mistura Composto I + Cu2+ foi determinado pela quantificação do metal nas células após tratamento usando ICP-MS. Essa análise mostrou aumento na concentração de cobre intracelular de 50 vezes em comparação com células não tratadas (p > 0,0001),18,7 ng de Cu/mg de proteína e 037 ng de Cu/mg de proteína, respectivamente, enquanto a concentração de cobre nas células incubadas somente com o composto I foi similar à do controle negativo (0,29 ng de Cu/mg de proteína). Tal alteração permite inferir que o composto I atua como ionóforo, carregando o cobre para o meio intracelular e induzindo morte celular dependente de cobre, a cuproptose. A fim de avaliar o efeito sinérgico de outras classes de produtos naturais, foram preparados dois alcaoides, licoricidina e Narciclasina, através de uma sequencia sintética que teve como etapa chave inicial uma carboaminação desaromativa enantiosseletiva do benzeno, cujo principio é uma cicloadição entre um Arenófilo e um areno comercialmente disponível, nesse caso, o benzeno e contou com um total de sete etapas na maior sequencia sintética linear. Tais compostos tiveram o seu potencial citotóxico avaliado frente as linhagens celulares de câncer de mama MCF7 e MDA-MB-231, além do efeito combinatório com o ion Cu2+. Dentre os compostos testados, a narciclasina mostrou-se ativa em ambas as linhagens celulares testadas, com CI50 entre 10 e 25 uM, enquanto a licoricidina foi inativa. A diferença estrutural entre os dois alcaloides se dá pela presença de uma hidroxila fenólica que pode formar radicais estáveis, induzindo assim dano a proteínas, ácidos nucleicos, membranas e organelas, justificando a diferença na atividade observada. Não foram observadas diferença significativa na citotoxicidade da Narciclasina combinada com Cu2+, enquanto a combinação de licoricidina com Cu2+ apresentou citotoxicidade em concentrações a partir de 50 e 100 uM nas linhagens MCF7 e MDA-MB-231, respectivamente