ESTUDO FITOQUÍMICO DE Baccharis sphenophylla E PROSPECÇÃO DO POTENCIAL QUIMIOFARMACOLÓGICO ANTI-Trypanosoma cruzi DE METABÓLITOS ESPECIAIS E DERIVADOS
Os extratos hexânico e metanólico das partes aéreas de Baccharis sphenophylla Dusén ex Malme (Asteraceae) apresentaram atividade contra formas tripomastigotas e amastigotas de Trypanosoma cruzi – o agente etiológico da doença de Chagas. Desse modo, ambos foram submetidos a sucessivas etapas de purificação utilizando cromatografia em coluna e cromatografia em contracorrente (CCC) para obter o fenilpropanoide (E)-p-cumarato de hexacosila (1), os sesquiterpenoides oplopanona (2) e espatulenol (3), os diterpenoides 7α-hidroxi-ent-abieta-8(14),13(15)-dien-16,12β-olídeo (4), ácidos ent-kaur-16-en-19-óico (5), grandiflórico (6) e 15β-tiglinoiloxi-ent-kaur-16--en-19-óico (7), sphenophyllol (8) e gaudichaudol C (9), os flavonoides hispidulina (10) e eupafolina (11), e uma mistura de ácidos clorogênicos di-O-cafeoilquínicos (12 – 14). Os compostos 1–14 foram caracterizados por técnicas espectrométricas e espectroscópicas e, na sequência, avaliados in vitro quanto à atividade contra formas tripomastigotas e amastigotas de T. cruzi. Além disso, foi avaliada a atividade dos compostos 1–14 contra células NCTC de mamífero. Os compostos 1, 10 e 11 mostraram atividade frente as formas amastigotas e os compostos 5, 7 e 9 mostraram atividade frente as formas tripomastigotas. Frente a expressiva atividade determinada para os compostos 5 e 7, o mecanismo de ação fenotípico foi investigado. Sendo revelado que os compostos 5 e 7 agem por meio de geração de estresse osmótico, perturbando as organelas acidocalcissomas e os níveis de ATP do parasita. Na sequência, o potencial quimiofarmacológico dos compostos 1–14 foi investigado in silico utilizando a ferramenta SwissADME®. Como resultado, os compostos 2–11 apresentaram níveis adequados de biodisponibilidade e absorção gastrointestinal, critérios essenciais no desenvolvimento de novos fármacos para a doença de Chagas. Visando melhorar o perfil quimiofarmacológico do composto 1 – que embora ativo apresentou reduzidos parâmetros ADME in silico – e, de forma a compreender relações entre a estrutura química do composto 1 e a atividade biológica, uma série de derivados foi estudada in silico, preparada sinteticamente e avaliada quanto a atividade anti-T. cruzi. Assim, foi determinado que tanto o tamanho da cadeia lateral quanto a presença de uma hidroxila na posição C-4 da unidade fenilpropanoídica, são farmacóforo determinantes para a presença e aumento da atividade. Por fim, os resultados obtidos sugerem os compostos 5, 7, 9 derivados do composto 1 (E)-p-cumarato de hexila e (E)-floretato de heptila poderiam ser usados como protótipos moleculares no desenvolvimento de novas quimioterapias alternativas para a doença de Chagas.