REMOÇÃO DE FÓSFORO PRESENTE EM EFLUENTES DOMÉSTICOS POR PRECIPITAÇÃO QUÍMICA COMO ESTRUVITA
Atualmente, existem dois problemas envolvendo o fósforo: (a) o esgotamento desse recurso, que deverá ocorrer neste século devido à extração ineficiente e predatória de suas fontes naturais; e (b) sua presença em quantidades excessivas em corpos d'água devido ao descarte de efluentes sanitários não tratados ou tratados insatisfatoriamente, causando danos ambientais de grande magnitude, principalmente em corpos d'água, como a eutrofização. Um dos métodos de remoção de fósforo na forma de fosfato de efluentes é a sua precipitação química com adição de um metal, dentre os quais o magnésio tem sido amplamente utilizado com o objetivo de produzir estruvita, mineral de grande interesse para uso como fertilizante. Esta tecnologia de remoção de fósforo de efluentes por precipitação como estruvita e com aplicação comercial ainda não está sendo aplicada no Brasil, mas já existem casos de sucesso em outros países como Alemanha. Além disso, a literatura traz dados bastante controversos em relação às condições nas quais é possível precipitar o fosfato, particularmente como estruvita. Neste trabalho, os testes foram realizados em escala laboratorial, utilizando amostra sintética e efluente de uma Estação de Tratamento de Esgotos. O desafio desta pesquisa foi remover o fósforo por precipitação de amostras com baixas concentrações de fosfato. A interferência de íons cálcio comumente presentes em efluentes domésticos também foi avaliada. Os sólidos formados foram identificados por microscopia eletrônica de varredura por energia dispersiva de raios X (SEM-EDS) e difração de raios X. Foi possível obter estruvita a partir de concentrações de fósforo tão baixas quanto 3,4 mmol L-1 (110 mg L-1) e uma razão molar P:Mg:N de 1:1,5:2,6. Na presença de cálcio, fosfato de cálcio também foi formado. Atingiu-se 91% de remoção de fósforo na amostra sintética e 63% no efluente real.