IMPLICAÇÕES NA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA DO SETOR ELÉTRICO DO
ESTADO DE SÃO PAULO E DO BRASIL DE ACORDO COM RELAÇÕES
DE CAUSALIDADE ENTRE O CONSUMO DE ENERGIA
ELÉTRICA E O PIB NO PERÍODO 2004 - 2019
A transição energética rumo a descarbonização é influenciada pela situação socioeconômica das regiões e países e pela introdução de novas tecnologias e tais diferenças podem afetar o crescimento econômico. Na região Nordeste cresce rapidamente a presença de geração de eletricidade centralizada baseada nas fontes eólicas e fotovoltaicas com capacidade entre dezenas de MW a poucas centenas de MW. Nas regiões Sudeste e Sul verifica-se a também a presença das gerações distribuídas baseadas nas fontes fotovoltaicas e de biomassa com capacidade entre dezenas de kW e 10 MW, autoprodução e formação de micro redes elétricas. Além da descarbonização a transição energética envolve também descentralização da geração elétrica, novas tecnologias de geração e distribuição e consequentemente novas formas do comercialização de energia elétrica. Este trabalho apresenta um paralelo entre Brasil e o Estado de São Paulo em relação à transição energética e modernização do setor elétrico brasileiro a partir da avaliação econométrica de series temporais e relações de causalidade de Granger entre o produto interno bruto (PIB) e consumo de energia elétrica no período 2004 – 2019. Os resultados obtidos demostram a existência de relação de longo e curto prazos entre as variáveis consumo de energia elétrica, produto interno bruto, tarifa média de energia elétrica e número de consumidores que permitem obter modelos econométricos consistentes. Para o Brasil a causalidade de Granger definiu-se do PIB para o consumo de energia elétrica e sugere que políticas associadas à eficiência e redução no consumo de energia elétrica não afetam o crescimento econômico de forma negativa. Para o estado de São Paulo no curto prazo a causalidade de Granger definiu-se do consumo de energia elétrica ao PIB e sugere que políticas associadas ao incremento do consumo de energia elétrica podem ter efeitos positivos para o crescimento econômico. No longo prazo, verificou-se a causalidade definiu-se do PIB ao consumo de energia elétrica. Esses resultados indicam uma diferença das relações entre PIB e consumo de energia elétrica entre o Brasil como um todo e uma região específica, o estado de São Paulo, que experimenta um processo de aumento da presença de geração decentralizada. Deixar de importar energia elétrica e passar a gerá-la no próprio estado com sistemas distribuídos e sustentáveis pode ser um indutor de crescimento econômico via investimentos, serviços e outras externalidades. Este tipo de transição energética requer preservação e otimização dos recursos energéticos a partir de inovações tecnológicas em processos de produção de energia e de uso final e em regulações. Um planejamento energético regional, levando em conta as características específicas dos estados brasileiros, talvez possa contribuir para aumentar o crescimento econômico do país.