Redução de área útil e variações de tipologias de apartamentos na produção imobiliária da área central de São Paulo.
Esta dissertação investiga os processos recentes de produção imobiliária na área central de São Paulo, com foco na redução progressiva da área útil e na diversificação tipológica das unidades habitacionais. Partindo da hipótese de que as estratégias de adensamento construtivo e compactação de apartamentos — impulsionadas pelo capital privado em meio à expansão acelerada de unidades mínimas nas últimas décadas — contradizem os objetivos das políticas públicas de inclusão socioespacial, mesmo quando estas recorrem a incentivos e recursos estatais. Para tanto, a pesquisa articula referenciais teóricos críticos sobre a produção do espaço urbano com uma análise empírica de dados do mercado imobiliário.
O recorte espacial concentra-se na área central administrada pela Subprefeitura da Sé, com ênfase nos distritos da Sé, República e Santa Cecília, abrangendo o período de 1997 a 2022. Os resultados revelam tendências importantes: intensa verticalização, diminuição do número médio de dormitórios por unidade, redução da área útil e proliferação de microapartamentos. Além disso, o estudo examina o impacto dos Planos Diretores Estratégicos de 2002 e 2014, evidenciando as contradições entre os instrumentos de planejamento urbano e a lógica de mercado.
As análises remetem para a acentuação das desigualdades socioespaciais, a apropriação seletiva de instrumentos urbanísticos pelo setor privado e a urgência de políticas públicas disruptivas, capazes de confrontar as macroestruturas que perpetuam tais dinâmicas. A pesquisa contribui para o debate sobre a apropriação do espaço urbano por parte dos capitais transformadores e os limites da regulação estatal diante da hegemonia do mercado imobiliário, destacando a necessidade de debate sobre a temática nas esferas de gestão e planejamento territorial.