Banca de DEFESA: RODOLFO BAÊSSO MOURA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : RODOLFO BAÊSSO MOURA
DATA : 09/06/2025
HORA: 14:00
LOCAL: Sala 407 do Bloco B do Campus de Santo André da Universidade Federal do ABC
TÍTULO:

 

DO CAMPO À GESTÃO: MAPEAMENTO DE RISCOS SOCIOAMBIENTAIS NA CONSTRUÇÃO DE (IN)JUSTIÇAS TERRITORIAIS

PÁGINAS: 155
RESUMO:

Uma das características marcantes do processo de urbanização brasileiro é a segregação espacial de sua população, em que uma parcela usufrui da maioria dos serviços urbanos, públicos e privados, enquanto outra vive excluída desses territórios. Aos excluídos cabe ocupar áreas inaptas à urbanização e ambientalmente frágeis, como beiras de córregos e encostas íngremes, que dão origem às chamadas “áreas de risco”. Mais de 8 milhões de pessoas residem atualmente em áreas de risco de inundações, enxurradas e deslizamentos no Brasil. Esse número revela a forma como o território nacional é ocupado, onde os mais vulneráveis não têm escolha a não ser se amontoar em áreas complexas e inseguras. Apesar dos avanços no entendimento sobre a necessidade de uma abordagem holística, a visão centrada no tratamento das ameaças ainda permeia a gestão de riscos e desastres no Brasil, cujas práticas locais de construção de políticas públicas têm pouco mais de 30 anos. Nesse período, ocorreram diversos progressos metodológicos na criação de instrumentos técnicos de suporte à temática. Entre eles, destaca-se o mapeamento de riscos, que tem por objetivo identificar moradias em risco, agrupando-as em setores aos quais se atribuem graus de probabilidade de ocorrência de eventos adversos. A elaboração desses mapeamentos ganhou destaque a partir dos anos 2000, orientando prefeituras municipais na definição de ações de intervenção, incluindo remoções de moradias em áreas de risco. As remoções são um nó dessa discussão, pois podem ocorrer de maneira desnecessária, equivocada e injusta. Nesta pesquisa, o viver em risco é entendido como uma injustiça territorial, essencialmente relacionada aos processos de segregação socioespacial de que é fruto e à desterritorialização ligada às remoções questionáveis. Assim, busca-se compreender quais adequações metodológicas, procedimentais e de aplicação do mapeamento de riscos (identificação, análise e espacialização) seriam necessárias para que esse instrumento técnico não contribua para a ampliação de injustiças territoriais. Para isso, após uma revisão bibliográfica, são apresentados os métodos usuais e as experiências do LabGRis-UFABC em mapeamento de riscos, com foco na RMSP, trazendo a perspectiva do mapeador sobre o tema. Posteriormente, no capítulo “Análises e perspectivas: do campo à gestão”, organizam-se os principais achados a partir da lente do mapeador, para uma posterior mudança de chave, em que esse mapeador se torna gestor público da política que apoia a produção de mapeamentos de riscos. Esses olhares combinados permitem concluir, entre outras coisas, que o mapeamento de riscos, ainda que indispensável à gestão integrada de riscos e desastres, não traz justiça: ele evidencia injustiças. O que promove justiça são as políticas públicas que devem chegar às famílias em risco, algo que pode ser auxiliado, ou não, por um bom mapeamento.

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - Interno ao Programa - 1934619 - FERNANDO ROCHA NOGUEIRA
Membro Titular - Examinador(a) Interno ao Programa - 1545979 - FRANCISCO DE ASSIS COMARU
Membro Titular - Examinador(a) Interno ao Programa - 1790489 - LUCIANA RODRIGUES FAGNONI COSTA TRAVASSOS
Membro Titular - Examinador(a) Externo à Instituição - CELSO SANTOS CARVALHO - USP
Membro Titular - Examinador(a) Externo à Instituição - RAQUEL ROLNIK - USP
Membro Suplente - Examinador(a) Interno ao Programa - 010.536.908-00 - RICARDO DE SOUSA MORETTI - UFABC
Membro Suplente - Examinador(a) Externo à Instituição - OMAR YAZBEK BITAR - IPT-SP