Compreender para não tolerar: uma alternativa ao discurso dominante a partir de Leopoldo Zea
Neste trabalho objetivo refletir, desde a filosofia de Leopoldo Zea, mais especificamente provocado por seu texto Derecho a la Diferencia: más allá de la tolerancia (1994), a ideia que se tem em nossos dias acerca do conceito de tolerancia e, nesse sentido, a própria ação de tolerar, tendo como visão inicial a de que este constitui um limite para aquelas e aqueles que buscam acesso a direitos ou a manutenção destes ou ainda, de outro modo, limita a própria ação dos que chamo de tolerado-tolerante. Como consequência desta reflexão, e ainda provocado pelo texto zeano, na pesquisa, busco caminhar para uma possível alternativa à tolerância, de forma a compreender e mudar o status quo. Para isso, procurei entender as origens da palavra, que não se descola da realidade, desde a antiguidade, passando pelas demais circunstâncias da história, até chegar no período chamado de Moderno. Nesse sentido tolerância é circunstanciada. Messe bailar no texto, a categoria zeana de responsabilidade é refletida em relação à tolerância, onde mostro como a apropriação e constituição histórica do termo pelo opressor, contribuiu para formação de uma ética hipócrita e cínica. Por fim, a compreensão é trazida à baila, como alternativa à tolerância em um movimento desde o logos barbarizado, o diálogo, que conduz à compreensão da circunstância e conseguinte tomada de consciência. Com esse movimento, o tolerado-tolerante, apropriando a tolerância desenvolvida pelo opressor, dialogando com e na realidade, constitui a alternativa: tolerância barbarizada, desde esse lugar de marginalização e barbárie, os únicos que podem dizer deste lugar, sua circunstância, desde sua vida-vivida.