Byung-Chul Han e arte como verdade: cultivando a alteridade contra a erosão do outro
A pesquisa investiga o papel da arte como resistência à erosão do outro na sociedade da informação, a partir do pensamento de Byung-Chul Han. O diagnóstico central parte da constatação haniana de uma crise nas relações com a alteridade, intensificada pela digitalização da vida cotidiana, que reconfigura o mundo na lógica digital, privilegiando a repetição do igual e forçando o outro ao desaparecimento. Nesse cenário, a arte é compreendida como campo singular de reativação da tríade Eros-belo-verdade, que, segundo Han, é fundamental para restaurar os vínculos com o outro e encontra-se impossibilitada pela técnica digital. A tese propõe que a criação artística, por sua temporalidade própria, sua negatividade e sua materialidade, pode interromper o fluxo informacional e reconduzir o sujeito ao encontro da alteridade, abrindo espaço para transformações subjetivas. Para isso, a pesquisa percorre as concepções de alteridade em Han, suas compreensões de informação e sociedade da informação, sua crítica à crise da arte e suas reflexões sobre a verdade, o poético e a criação. Argumenta-se que, mesmo com certa limitação em sua visão da arte, a obra de Han contém elementos para pensar a arte como força de resistência e espaço de vínculos, permitindo estabelecer outros tipos de relação com o outro para além dos modelos impostos. Assim, ao tensionar os aspectos mais fatalistas do autor, busca-se mostrar que a arte pode não somente denunciar a crise, mas também e principalmente configurar uma possibilidade real de reencantamento do mundo e reinscrição do outro no horizonte da experiência contemporânea.