O eu, o outro e o epistemicídio dos saberes não lineares pela modernidade europeia.
A seguinte pesquisa pretende entender como o pensamento moderno europeu opera um movimento de exclusão das racionalidades outras (não europeias) e, simultaneamente, definir o sujeito moderno como mantenedor das relações entre oprimidos e opressores em virtude da desumanização gerada pela visão reducionista desse sujeito, criando uma cultura monorracionalista e colonialista. Para isso, é preciso entender como as ideias de razão única e universal ganham força nesse período, portanto o processo de des-envolvimento entre a razão humana e a natureza, assim como o conceito de epistemicídio serão centrais para esta análise. A modernidade, apesar de pretender ser um movimento de libertação dos dogmas cristãos, carrega em seu âmago diversas heranças provindas do pensamento religioso. Sendo assim, é possível observar no pensamento euro-cristão as origens dos conceitos de universalidade e unicidade, assim como a desconexão entre o mundo humano e o mundo natural. A desumanização causada pela a-historicidade dos sujeitos faz com que o outro não seja entendido apenas como um não-eu, mas como um não-sujeito, um não-ser. Na medida em que o sujeito moderno omite a importância do contexto social do ser, os sujeitos se tornam universais. Essa universalidade do sujeito, porém, tende a ser impositiva e partidária. Não sendo neutra, as ideias de razão e de sujeitos universais que surgem a partir da modernidade entende sua perspectiva como absoluto, tornando-se uma imposição e não uma possibilidade existente entre tantas outras. Essa imposição causa violências diversas na realidade social pois, além de desumanizante, o sujeito moderno é individual e não comunitário. Sendo assim, há uma categorização entre os sujeitos que determina quais são racionais e quais não são, criando diversas relações de poder, inclusive no âmbito epistemológico.