A psicanálise e o confronto em torno do conceito de vontade de potência
Esta tese almeja confrontar o consenso predominante de que a filosofia de Friedrich W. Nietzsche foi uma das principais fontes teóricas de Freud. A hipótese que pretendemos demonstrar será a de que a teoria das pulsões freudiana desenvolveu-se em oposição ao pensamento de Nietzsche mediante o confronto com Alfred Adler, um dos primeiros discípulos da escola psicanalítica que busca subsídios teóricos em Nietzsche. Enquanto Adler apresenta a teoria da vontade de potência no âmbito da psicopatologia para explanar o funcionamento do aparato psíquico e o fenômeno da neurose, evidenciando assim uma pulsão de igual ou até maior dinamismo que a libido, Freud, por sua vez, não aceitou essa tentativa de inserção da vontade de potência no meio psicanalítico. Com isso, objetivamos apontar que Freud defendeu a primazia da libido como força motriz da psique humana, mas mais ainda buscou desenvolver e aprofundar a sua teoria das pulsões como resposta à concepção de vontade de potência nietzschiana apropriada pela psicopatologia de Adler. Diante disso, tentaremos questionar se Nietzsche foi, de fato, um dos principais precursores da psicanálise de Freud.