O lugar das patologias sociais na Teoria da Ação Comunicativa
A tese investiga na Teoria da Ação Comunicativa (1981) o diagnóstico sobre as patologias sociais nas sociedades capitalistas a partir da tese da colonização sistêmica do mundo da vida. A teoria da modernidade elaborada por Habermas é demarcada pela consolidação do capitalismo moderno e o desenvolvimento de processo de racionalização cultural e social que culminou no desacoplamento das esferas sociais tematizáveis do horizonte simbólico e normativo da sociedade. A tese investiga como podem ser realizadas analises sobre o avanço dos imperativos dos subsistemas econômico-financeiro e administrativo-burocrático observando aquilo que Habermas descreveu como a resposta à invasão do mundo da vida pelo sistema: as patologias sociais. Alterando o diagnóstico sobre as patologias, a investigação explora o argumento de que as patologias sociais venham a ser compreendidas como os limites da dominação sistêmica. Habermas descreve as patologias sociais como manifestações surgidas nos âmbitos da vida comunicativamente estruturados quando estes são submetidos aos imperativos dos sistemas (dinheiro e poder) que ampliam suas esferas de atuação e invadem, colonizando, o mundo da vida. O processo descrito por Habermas como colonização sistêmica do mundo da vida altera os padrões de integração social, gerando perturbações e deformações os quais, dentro da teoria da modernidade por ele desenvolvida são compreendidos como patologias sociais. A teoria da modernidade habermasiana descreve as patologias sociais como o resultado do processo de colonização que ocorre a partir do processo de modernização capitalista que, desde de seu início, segue um padrão seletivo que se aproveita dos potenciais da racionalização cultural em prol da acumulação capitalista e do domínio burocrático-administrativo sobre todos os âmbitos da vida. Entretanto, a investigação sustenta que a manifestação de patologias sociais pode ser compreendida como critério que aponta para o limite da atuação da racionalidade sistêmica sobre os âmbitos da cultura, das interações sociais e da formação da identidade individual. Para tanto faz-se necessário explicar que a perda de sentido, a burocratização excessiva, a mercantilização de esferas sociais (como na educação, por exemplo), a anomia social, a reificação, a alienação e a diminuição da participação democrática, refiram-se tanto a uma restrição da coesão social e da legitimação das instituições como, também, momentos nos quais a regulação social por critérios sistêmicos esbarra – quando estas desencadeiam resistências e movimentos de contestação que apontam para uma integração social desequilibrada e desprovida de uma normatividade efetiva. Argumentar que as patologias sociais sejam compreendidas como limites para a regulação social pela racionalidade sistêmica é compreendê-las como indícios para os potenciais de emancipação incrustrados em um horizonte social com potenciais crises mais profundas.