EVOLUÇÃO DAS CONCEPÇÕES DE LICENCIANDOS SOBRE A EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
Reconhecendo a experimentação como uma prática pedagógica essencial no ensino de Química, mas que ainda é frequentemente reduzida a abordagens tradicionais e empírico-indutivistas, este estudo busca compreender os processos de ressignificação pelos quais passam os futuros professores quando confrontados com perspectivas mais críticas e investigativas sobre a experimentação no ensino de Química. Considerando esse pressuposto, investigou-se a evolução das concepções de licenciandos em Química sobre o papel da experimentação no ensino dessa Ciência, analisando como suas compreensões se transformam ao longo de um componente curricular específico sobre o tema “experimentação” em sua formação docente. Nesse trabalho, que consiste em uma dissertação no formato multipaper, realizou-se uma pesquisa, de natureza qualitativa e caráter exploratório, na qual se acompanhou três licenciandos durante a disciplina “Experimentação e Ensino de Química” da Universidade Federal do ABC. Por meio de um percurso metodológico que incluiu questionários iniciais e finais, reflexões críticas semanais, observações de aula e entrevistas semiestruturadas, foi possível mapear tanto as concepções prévias dos Sujeitos de pesquisa quanto suas transformações ao longo do processo formativo. A análise dos dados, fundamentada na Análise Textual Discursiva, revelou que inicialmente os licenciandos associavam a experimentação, principalmente, à comprovação de teorias científicas e à motivação dos estudantes, reproduzindo visões tradicionais ainda dominantes na cultura escolar e acadêmica. Ao longo da disciplina, observou-se uma ampliação dessas concepções, com os licenciandos desenvolvendo uma compreensão mais sofisticada sobre as potencialidades pedagógicas da experimentação. Eles passaram a valorizar seu caráter investigativo, a importância da problematização como ponto de partida, e a reconhecer a experimentação como espaço privilegiado para desenvolver nos alunos habilidades como formulação de hipóteses, análise crítica de resultados e compreensão da natureza não-linear do trabalho científico. Contudo, a pesquisa também identificou resistências e limitações nesse processo de transformação, particularmente no que diz respeito à superação da ideia de que atividades experimentais exigem necessariamente laboratórios equipados ou devem seguir roteiros rígidos. Os resultados destacam a importância de se repensar a formação inicial de professores de Química, sugerindo que abordagens mais reflexivas e contextualizadas da experimentação podem contribuir significativamente para a construção de práticas docentes mais críticas e alinhadas com as atuais perspectivas do ensino de Ciências. O texto conclui apontando projeções futuras e intervenções formativas que possam aprofundar essas transformações, considerando as complexidades e desafios inerentes ao processo de formação docente.