Uma fronteira simbólica do conhecimento das Ciências Naturais: um estudo sobre a segregação socioespacial da cidade de São Paulo.
Este trabalho explora a relação entre o ensino de ciências naturais e as desigualdades na cidade de São Paulo. Ainda, busca apresentar as disparidade de acesso ao conhecimento científico entre estudantes que mobilizam fatores como raça, gênero e status socioeconômico. Para tanto, a pesquisa utiliza como pano de fundo o capital cultural e social que perpetuam as desigualdades tal qual Pierre Bourdieu aponta seu seus trabalhos. Para a metodologia de pesquisa, aborda-se a análise de dados em larga escala (ENEM) entre os anos de 2016 e 2019, bem como o mapeamento da geoespacialização, cujo estudo examina o desempenho em ciências da natureza desses jovens nos distritos da cidade de São Paulo. Resultados preliminares revelam que distritos centrais e mais privilegiado, possuem escolas com melhores notas do que nas regiões periféricas e, geralmente, em desvantagem econômica. Diante desse contexto, a pesquisa emprega o uso de índices de segregação para aprofundar o entendimento das disparidade, revelando as desigualdades entre escola pública e escola privada. A fim de integrar o contexto das periferias urbanas nas desigualdades territoriais, examina-se o papel das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) como forma de entender tais distinções. Os resultados demonstram como professores de ciências são escassos nesses espaços vulneráveis e indicando a necessidade de políticas públicas específicas para sanar tais distinções. Por fim, este trabalho busca defender que reformas educacionais e políticas para promover a justiça social sejam contextualizadas também para aspectos do saber científico. Entende-se que tal caminho possa ser uma importante ferramenta de redução das desigualdades socioespacial, garantindo o acesso ao conhecimento científico e superação das distinções simbólicas que separam os detentores dessa saber.