Estudos de quelantes de cobre para uso em terapia para doença de Alzheimer
Na doença de Alzheimer, a presença de íons de cobre livre contribui para a agregação da proteína beta-
amiloide e intensifica o dano oxidativo no cérebro. No entanto, ainda não existe um tratamento eficaz
que aborde diretamente esse processo, o que motiva a busca por agentes quelantes de cobre como
potenciais terapias para as fases iniciais da doença. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é sintetizar
e caracterizar compostos ligantes de cobre(II) imínicos e quinolínicos, avaliando sua influência em
culturas celulares de hipocampo de camundongo, com estudos realizado com a adição de oligômero da
beta-amiloide e de estreptozotocina, para verificar toxicidade dos ligantes, sua capacidade de prevenir
danos a biomoléculas e sua eficiência na remoção de cobre. Foram realizadas as sínteses de 3
compostos previamente estudados no laboratório para atuarem como ligantes específicos de cobre(II),
testes de viabilidade celular em cultura de hipocampo por MTT, quantificação de cobre nas amostras
celulares por ICP-MS (espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado), e
quantificação de danos em biomoléculas celulares expostas aos compostos, como ensaio cometa e
medidas de oxidação lipídica e de proteínas. As sínteses e caracterizações dos compostos aqui
chamados de L9 e L10 foram bem-sucedidas. As EC50 em cultura celular de Hipocampo de
camundongo determinadas foram: L9 (615,7 ± 83 µM), L10 (914,3 ± 230 µM) e L11 (67,9 ± 11,5
µM). Os resultados mostraram que L9 e L10 foram eficazes em reverter a peroxidação lipídica
induzida pela incubação com o peptídeo beta-amiloide (Aβ) oligomérico, aproximando-se dos níveis
observados em células saudáveis, enquanto o composto L11 aumentou a lipoperoxidação. Em células
tratadas com estreptozotocina (STZ), um agente causador de danos neurológicos em animais e
utilizado para ensaios in vivo, os compostos reduziram significativamente a oxidação lipídica, embora
sem restaurar completamente os níveis ao controle. Além disso, os 3 compostos estudados mostraram
efeito protetor contra o dano ao DNA induzido por STZ e Aβ, revertendo as quebras nas cadeias de
DNA. Em relação à homeostase do cobre, os compostos atuaram de forma dupla: prevenindo a
depleção de cobre intracelular causada por Aβ e modulando o excesso de cobre induzido por STZ,
restaurando o metal aos níveis normais. Esses achados indicam que os compostos L9 e L10
apresentam um potencial terapêutico promissor para o tratamento das fases iniciais da doença de
Alzheimer, atuando tanto na proteção contra danos oxidativos quanto na modulação dos níveis de
cobre, um elemento crucial na patogênese da doença.