Scaffolds de quitosana contendo vidro bioativo produzidos por impressão 3D visando aplicação em regeneração de nervos periféricos
As lesões em nervos periféricos ainda representam um desafio no contexto da regeneração de tecidos. Apesar dessas estruturas possuírem capacidade intrínseca de reparo, o processo é limitado a lesões leves e pode não resultar na recuperação da funcionalidade. Atualmente, o padrão ouro nesse campo é o uso de enxertos autólogos, entretanto esse método apresenta desvantagens como morbidade do tecido doador, necessidade de dois procedimentos cirúrgicos e uma taxa de recuperação funcional em apenas 50%. Sendo assim, a engenharia de tecidos propõe uma alternativa a esse método através da construção de conduítes nervosos. Esses são, usualmente, tubos construídos de biomateriais que atuam na reconexão de segmentos nervosos. Nesse contexto, a quitosana é um polímero natural biocompatível, com bom custo-benefício, propriedades antimicrobianas, antioxidantes e capacidade de formação de hidrogel e filme muito explorado para aplicações biomédicas. Em relação ao tecido nervoso, scaffolds de quitosana já se mostraram capazes de dar suporte estrutural e promover adesão e proliferação de células importantes no processo de reparo nervoso. Outro material com potencial promissor na regeneração de nervos periféricos é o vidro bioativo. Essas cerâmicas apresentam potencial angiogênico e aumento de produção de substâncias neurotróficas que auxiliam na regeneração desse tecido. Ainda, a impressão 3D é uma técnica de processamento muito promissora devido à possibilidade de construção de estruturas complexas, específicas a pacientes e com alta reprodutibilidade. Dessa forma, foi proposto o desenvolvimento e caracterização de hidrogéis de quitosana com diferentes concentrações de partículas de vidro bioativo visando aplicação em regeneração de nervos periféricos. Após a produção dos hidrogéis foi feita sua caracterização reológica e de processabilidade. Em seguida, foi feita a impressão dos scaffolds a partir desse hidrogel e suas propriedades foram avaliadas através de técnicas de FTIR, MEV, EDS, ensaio de tração e ensaio de citotoxicidade indireto com dois tipos celulares, fibroblastos e modelo de célula nervosa. Os resultados obtidos mostram que a presença do vidro afeta as propriedades reológicas do gel de quitosana de forma a melhorar seu uso como tinta para impressão 3D. Além disso, a presença das partículas, em baixas concentrações, melhora as propriedades mecânicas dos scaffolds produzidos. Por fim, os ensaios de citotoxicidade mostraram que os materiais produzidos não possuem extrato citotóxico. Dessa forma, os scaffolds de quitosana com partículas de vidro bioativo se mostram promissores para aplicação na regeneração de nervos periféricos.