USO DA CINZA DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR COMO MATÉRIA-PRIMA ALTERNATIVA NA FORMULAÇÃO DE MASSA CERÂMICA PARA REVESTIMENTO (GRÉS PORCELANATO)
Dentre os diversos resíduos gerados pela indústria no Brasil podemos destacar a cinza de bagaço de cana-de-açúcar (CBCA), a qual é proveniente da produção de açúcar e álcool e em processo de cogeração de energia. Atualmente o país se destaca como um dos maiores produtores mundiais e a cada ano tem sido crescente essa produção, que por sua vez acarreta na geração de uma quantidade significativa desta cinza. A CBCA é gerada a partir da queima do bagaço de cana-de-açúcar nas caldeiras geradoras de vapor das usinas. O resíduo gerado apresenta em sua composição alto teor de sílica (SiO2), além de pequenas quantidades de óxidos de Al, Fe, Ca, Mg e K. Isto significa que do ponto de vista químico a CBCA contém quantidades apreciáveis de óxidos presentes nas argilas usadas na fabricação de produtos cerâmicos. A utilização do resíduo de CBCA nas cerâmicas para revestimento representa maior interesse devido a composição química apresentada pela cinza, pois pode proporcionar não só uma diminuição na temperatura de sinterização do corpo cerâmico (proporcionando redução de consumo energético), como também apresenta uma solução para a elevada quantidade de matéria-prima consumida nas massas cerâmicas de revestimento. Dito isso, este trabalho visa o estudo do potencial da cinza do bagaço de cana-de-açúcar, obtida em diferentes regiões do Brasil, na produção de massas cerâmicas aplicadas na fabricação de grés porcelanato, sendo avaliadas as propriedades físicas, químicas e mecânicas das amostras. Dessa forma, as matérias-primas foram caracterizadas quanto a sua composição química através do ensaio de fluorescência de raios X, as mesmas irão ainda passar pelos ensaios de granulometria, difração de raios X, análises térmicas, microscopia eletrônica de varredura e picnometria. Serão confeccionados corpos de prova contendo 5% em porcentagem mássica de CBCA e sinterizados na temperatura de 1200ºC. A caracterização dos corpos de prova será feita por meio dos ensaios de retração linear, massa específica aparente, absorção de água, porosidade aparente, análise mineralógica (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e resistência a flexão. Espera-se com esse estudo constatar a potencialidade da incorporação da CBCA, e assim, contribuir de maneira significativa na redução do consumo de matérias primas naturais na fabricação do grés-porcelanato, bem como a destinação controlada do resíduo gerado na produção de álcool e açúcar.