Deposição de vidro metálico pelo processo TIG
Vidros Metálicos (VM) exibem várias propriedades de interesse tecnológico, porém, seu uso ainda é limitado pelas reduzidas dimensões com as quais podem ser fabricados. Para contornar essa realidade, são desenvolvidos vários métodos de união destes materiais com ligas convencionais, sendo alguns exemplos a soldagem por feixe de elétrons, por LASER e a brasagem em forno. Todavia, tais processos demandam instalações complexas que impedem seu emprego fora de grandes centros tecnológicos. Oposto a isto, um processo versátil e que pode ser empregado na brasagem é o Tungsten Inert Gas (TIG). Por isso, e diante do potencial de expansão das aplicações de VM, propõe-se aqui o emprego de um equipamento TIG para depositar por brasagem a liga Cu47.5Zr47.5Al5 sobre aço carbono, visando obter estrutura parcialmente amorfa e boa união metalúrgica. Para avaliar esta proposta realizaram-se dois testes com corrente convencional nas configurações de junta sobreposta e revestimento e outros três para revestimento, com três intensidades de corrente pulsada. Em seguida obteve-se a Taxa Crítica de Resfriamento (RC) do VM, o ciclo térmico de revestimento e analisaram-se as amostras por microscopia, ótica e eletrônica, espectroscopia de raios–X, ensaio de dureza e de cisalhamento. O VM não apresentou molhabilidade e capilaridade necessárias à união com junta sobreposta, o que resultou na baixa habilidade da liga avaliada promover a união de substratos do aço empregado através do processo utilizado. No revestimento com a menor intensidade de corrente, obteve-se depósito com estrutura parcialmente amorfa e união frágil com o substrato. Com parâmetros intermediários, o depósito obteve estrutura totalmente compósita com algumas trincas, união com o substrato ainda incompleta e, devido à diluição do aço carbono, compostos de Fe-Al e Fe-Zr. Na amostra com a maior intensidade de corrente, o depósito, com estrutura também compósita, exibiu várias trincas oriundas da cristalização excessiva e, por conta da dissociação dos elementos da liga Cu47.5Zr47.5Al5, maior quantidade dos compostos Fe-Al e Fe-Zr associada à fragilização por Cu do aço carbono. Esses resultados mostram que a união integral com o substrato foi obtida somente quando se empregou maior intensidade de corrente, porém, acarretando estrutura compósita, formação de intermetálicos e, no caso extremo, trincas no depósito e no substrato. Nas medições de dureza, o material do depósito apresentou valores típicos para a liga, tanto na condição amorfa quanto na compósita. No ensaio de cisalhamento obteve-se deformação elástica seguida por encruamento que resultou da interação das bandas de cisalhamento com as dendritas cristalinas, o que se traduziu no aspecto rugoso das superfícies de fratura analisadas. A exceção ocorreu no depósito oriundo da maior intensidade de corrente que fraturou de forma prematura durante a deformação elástica, por conta da cristalização excessiva e de partículas compósitas de Fe-Al e Fe-Zr irregulares. O ciclo térmico calculado forneceu uma taxa de resfriamento superior à identificada nos depósitos, essa divergência ocorreu por conta da interface entre depósito e substrato e da diferença de propriedades térmicas entre o VM e substrato não contemplada pelo modelo empregado.