PREPARO E CARACTERIZAÇÃO DE ESPUMAS HÍBRIDAS DE CELULOSE FUNCIONALIZADA E NEGRO DE FUMO COM POTENCIAL APLICAÇÃO EM EMBALAGENS ANTIESTÁTICAS
Espumas poliméricas condutoras são amplamente utilizadas como embalagem para proteger componentes elétricos sensíveis à descarga eletróstatica. Os polímeros que constituem esses produtos geralmente são derivados do petróleo e apresentam taxas de degradação extremamente baixas. Como uma potencial solução, a celulose, um biopolímero biodegradável e amplamente disponível na natureza, tem sido explorada como um material alternativo para produzir espumas mais amigáveis ao meio ambiente. Neste trabalho, fibras de celulose catiônica, isoladas do bagaço de cana-de-açúcar, foram usadas para dispersar de forma eficiente negro de fumo (CB) em água e produzir espumas condutivas pelo método de liofilização. As fibras de celulose catiônica foram obtidas por reação de cationização com cloreto de glicidiltrimetilamônio (GTMAC), em razão molar glicose:GTMAC de 1:10, e caracterizadas por titulação condutimétrica, potencial zeta, espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios-X (XPS) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). O CB foi adicionado à fibra catiônica em meio aquoso produzindo dispersões coloidalmente estáveis devido à boa interação eletrostática entre as cargas positivas na superfície das fibras e os elétrons π delocalizados dos anéis aromáticos do CB. Para fabricar espumas com propriedades estáticas dissipativas, o CB foi adicionado à fibra catiônica em concentrações de 1%, 5%, 10%, 20% e 30% m/m (em relação à massa de celulose seca). As propriedades mecânicas e elétricas das espumas foram analisadas por ensaios de compressão e medições de resistência elétrica pelo método de duas sondas, respectivamente. Os resultados demonstraram que as espumas se tornam mais resistentes com a crescente concentração de CB, apresentando módulos de compressão na faixa de 0,51 a 1,06 MPa. Espumas híbridas carregadas com 1% e 5% (m/m) de CB apresentaram resistividade elétrica de cerca de 107 Ω.cm, enquanto que maiores teores de CB promoveram menores resistividades (104 a 102 Ω.cm). As interações entre fibras de celulose catiônica e CB favoreceram a formação de dispersões aquosas estáveis e espumas com boas propriedades mecânicas e elétricas. As espumas híbridas de celulose catiônica/CB produzidas neste estudo se mostraram novos materiais porosos condutores, promissores para aplicações elétricas práticas, inclusive como embalagens antiestáticas