INTERAÇÕES ENTRE NANOESTRUTURAS PEPTÍDICAS E SISTEMAS BIOLÓGICOS VISANDO APLICAÇÃO COMO AGENTES BIOATIVOS
Este trabalho teve como objetivo estudar as interações em sistemas biológicos de duas classes de nanoestruturas peptídicas: lipopeptídeos (LPs) e peptídeos β-amilóides funcionalizados com porfirinas. Para o primeiro objetivo, investigamos as propriedades antitumorais dos lipopeptídeos PRWG-C18H37 (1) e PRWG-(C18H37)2 (2), contendo os aminoácidos L-prolina (P), L-arginina (R), L-triptofano (W) e L-glicina (G), e comparamos com os materiais PK(GCP)WG-C18H37 (3) e PK(GCP)WG-(C18H37)2 (4), que contêm o aminoácido sintético GCP (“Guanidiniocarbonyl pyrrole”) na sequência peptídica. Experimentos de dicroísmo circular revelaram estruturas do tipo folhas-β para todos os compostos da série, com carga positiva das partículas em pH 7. Os LPs apresentaram citotoxicidade dependente da composição química e concentração, com efeito deletério sobre as células HeLa em concentrações inferiores ao IC50 em células HEK293. Isso sugere que o efeito lesivo sobre as células HeLa é promovido pela morte apoptótica com perda do potencial de membrana mitocondrial (ΔΨm).
A segunda parte do trabalho envolveu estudos de viabilidade celular para as porfirinas monofuncionalizadas com L,L-difenilalanina (FF) inéditas, com diferentes substituintes na posição meso. Os espectros de fluorescência mostraram a presença de uma banda de emissão em 640-660 nm pertencente à banda Soret e bandas múltiplas entre 700-720 nm indicando a presença das bandas Q. Esses sistemas foram estudados em PBS, revelando um deslocamento espectral batocrômico na banda de absorção em 640 nm. As propriedades antitumorais das células HeLa expuseram uma citotoxicidade dependente da luz e da concentração, com menos de 5% de efeito hemolítico. Quando a eficiência de internalização foi analisada no escuro, as FF-porfirinas apresentaram altas porcentagens de captura em relação aos seus precursores. No entanto, uma vez que os compostos foram irradiados, promoveu-se um mecanismo de morte via necrose. Por meio de ensaios de citotoxicidade e mecanismo de morte celular, ambas as classes de sistemas nanoestruturados revelaram um efeito danoso nas células tumorais, em concentrações inferiores às utilizadas no quimioterápico Clorambucil (CB).