Atividade antiviral de materiais preparados a partir de nanocelulose oxidada: Interação supramolecular da arginina com nanofibras de celulose oxidada
Nos últimos, frente aos problemas enfrentados pela pandemia do COVID-19, tem aumentado o interesse em investigar novas alternativas para inativação das possíveis variantes do SARS-CoV-2. Uma estratégia promissora, é explorar a interação entre nanomateriais renováveis com sua proteína spike, mais especificamente, o sítio de clivagem polibásico rico em cargas residuais positivas. Nesse contexto, as nanofibras de celulose oxidada (CNF) se apresentam como uma alternativa promissora, devido a presença de cargas negativas e seu caráter biodegradável. No presente trabalho, investigou-se a interação entre CNFs e arginina (um dos aminoácidos presentes no sítio de clivagem polibásico) usando nanofibras com diferentes graus de oxidação. As CNFs foram obtidas através da reação de oxidação medida pelo radical 2,2,6,6-tetrametilpiperidina-1-oxil (TEMPO) usando três graus de oxidação distintos. As CNFs, bem como sua interação com a arginina foram caracterizadas por titulação condutométrica, microscopia de força atômica (AFM), potencial zeta, espectroscopia de força (AFM-FS), Espectroscopia de infravermelho (AFM-IR), Espectroscopia de fotoelétrons (XPS) e análises termogravimétricas (TGA). Os dados de potencial zeta e AFM-FS mostraram que a interação CNF-arginina aumenta com aumento do grau de oxidação das CNFs. Além disso, observou-se que as moléculas de arginina permaneceram adsorvidas às CNFs mesmo após diálise, sugerindo uma forte interação supramolecular. As medidas de AFM-IR, XPS e TGA, indicaram que a capacidade de adsorção da arginina depende do grau de oxidação das CNFs, corroborando com a hipótese de que a interação eletrostática governa a adsorção da arginina à CNF. Em suma, foi possível confirmar que CNFs interagem com arginina por meio de técnicas de caracterização avançadas. Nossos resultados mostram que CNFs tem potencial como superfície inativadora para sistemas complexos, como o SARS-CoV-2.