Desenvolvimento e avaliação de microcápsulas biodegradáveis contendo biofungicida para aplicação na agricultura
Junto ao grande desenvolvimento da agricultura, a necessidade da utilização de agentes de controle de doenças em plantas tornou-se essencial para atingir altas produções de alimentos demandadas pelo rápido crescimento populacional mundial do último século. Dentre as muitas tecnologias utilizadas para o controle de pragas, as microcápsulas contendo agentes de controle microbiológico destacam-se por ser uma alternativa ao controle químico, não deixando resíduos no solo e possuindo alta especificidade a um alvo. Este trabalho, teve como objetivo o desenvolvimento de microcápsulas de alginato de cálcio (menor que 150 μm) contendo Bacillus amyloliquefaciens empregando o método de emulsificação e variando 4 parâmetros do processo [tipos de surfactantes (SpanTM 20, TweenTM 20, SpanTM 80, TweenTM 80), concentração de alginato (3,5% e 5,0%), concentração de surfactante (1%, 3% e 5%) e velocidade de agitação (500 rpm, 1000 rpm, 1500 rpm). Um Planejamento Experimental Fatorial Completo (PEFC) foi realizado para determinar as condições ótimas de microencapsulação do microrganismo. Para o entendimento aprofundado das etapas de emulsificação e de formação final da microcápsula realizou-se um novo Planejamento Experimental I-Ótimo (PEIO). Uma curva de crescimento foi obtida a fim de verificar as fases de desenvolvimento da bactéria e para posterior seleção do tempo de cultivo necessário para chegar a fase estacionária. A microencapsulação da bactéria sucedeu-se após a seleção da formulação ótima no PEFC. O PEFC mostrou que o surfactante SpanTM 20 formou as menores microcápsulas, entre 47 e 94 μm de diâmetro, além de indicar nas superfícies de resposta que as menores concentrações de alginato e maiores velocidades de agitação, formam tamanhos de partícula menores, independente dos tipos de surfactantes. Com o PEIO, verificou-se que o ‘tipo de surfactante’ foi o mais significativo estatisticamente na etapa de emulsificação, enquanto que para a produção das micropartículas todos mostram a mesma significância. Os resultados de espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) mostraram que as microcápsulas de alginato preparadas mostraram absorções de 1594 cm-1 e 1415 cm-1, que foram diferentes das inicialmente apresentadas pelo alginato de sódio (1600 cm-1 e 1411 cm-1). Isso é atribuído ao cross-linking do alginato de sódio, e evidencia a formação de alginato de cálcio. Esta diferença também foi notada na análise termogravimétrica (TGA), onde verificou-se curvas distintas entre a matéria-prima e a microcápsula formada. Observou-se um primeiro evento de perda de umidade (13,5% e 83,0%, alginato de sódio e cálcio, respectivamente), e um segundo evento relativo a degradação da cadeia polimérica do alginato de sódio em 262 ºC que não foi observada para o alginato de cálcio. A curva de crescimento da bactéria mostrou que a fase estacionária foi alcançada após 27,5 horas de cultivo. Os resultados de PEFC mostraram que as formulações (3,5% e 5,0% de alginato, 1000 e 1500 rpm) tiveram eficiência de encapsulação maior que 90%, exceto para a amostra de 3,5% de alginato a 1000 rpm, que foi de 51,7%.