Desenvolvimento de filmes poliméricos biodegradáveis ativos contendo cápsulas de óleo essencial e nanoestruturas de celulose
O desenvolvimento de produtos com atividade antimicrobiana é de interesse científico e comercial, em destaque no setor de produtos alimentícios, de modo a garantir a segurança do alimento e uma maior vida de prateleira. Além disso, os produtos usualmente empregados em embalagens são plásticos que aos serem descartados geram um problema ambiental. Nesse contexto, o desenvolvimento de novos sistemas que alinhem características biodegradáveis com propriedades antimicrobianas tem atraído a atenção nos últimos anos. Nesse estudo foram desenvolvidos filmes poliméricos utilizando um polímero biodegradável, o poli(butileno adipato-co-tereftalato) - PBAT, com incorporação de nanoestruturas de celulose (NECs) e cápsulas de óleos essenciais. As NECs foram obtidas a partir de resíduos de eucalipto, previamente tratada, por moagem mecânica durante 12 horas. Os resultados demonstraram que o tratamento foi eficaz para redução do teor de lignina e hemicelulose das fibras de eucalipto. Após o processo de moagem foi observado que as NECs apresentaram tamanhos nanométricos, elevada cristalinidade, e propriedades térmicas adequadas. Para produção das cápsulas foram utilizados os óleos essenciais (OE) de pau rosa e canela cassia. Os OE foram emulsionados utilizando o surfactante polisorbato 80, com posterior deposição de solução polimérica de PBAT e precipitação das cápsulas poliméricas. Foi observado que as cápsulas apresentaram morfologia esférica, e tamanho dependente do volume de solução utilizada. As cápsulas auxiliaram na estabilidade térmica dos OE, sendo observado um carregamento maior para as cápsulas de canela (29%). O perfil de liberação demonstrou uma curva logarítmica que foi matematicamente ajustada segundo o modelo de Korsmeyer-Peppas e demonstrou que o processo de difusão é associado ao transporte Fickiano. As cápsulas apresentaram atividade antimicrobiana contra Escherichia coli, sendo observados halos de inibição de 5,5 e 4,7 mm, para as cápsulas de OE de pau rosa e canela, respectivamente. As NECs e cápsulas foram incorporadas utilizando a técnica de casting. A presença de NEC aumentou a rigidez do filme, enquanto que o OE promoveu um efeito plastificante. Os compósitos apresentaram propriedades superior ao do filme puro. A estrutura cristalina do filme foi alterada, sendo que a NEC pode impor restrições a difusão do OE no filme. Esse efeito foi corroborado pelo ensaio de liberação que demonstrou que no mesmo período uma menor quantidade de OE é liberada para o sistema contendo NEC e cápsulas quando comparado ao sistema contendo apenas cápsulas. O ensaio antimicrobiano demonstrou que os filmes contendo cápsulas inibiram o crescimento da bactéria na estrutura do filme. Esses resultados indicam o potencial dos filmes desenvolvidos visando aplicação com atividades antimicrobianas, sendo atrativas para produção de embalagens de produtos alimentícios.