POTENCIAL DE MITIGAÇÃO DA MUDANÇA CLIMÁTICA A PARTIR DA ADOÇÃO DE NOVOS HÁBITOS NA CIDADE DE SÃO PAULO
No que concerne à mudança climática, não só ações governamentais e empresariais fazem parte da sua mitigação, mas comportamentos da sociedade civil em direção a estilos de vida de baixo carbono são essenciais para manter o aquecimento global abaixo de 2,0ºC até o final do século. Diante da falta de dados sobre a participação social no combate à mudança do clima, este trabalho destaca a importância da adoção de práticas – à primeira vista rotuladas como menos relevantes frente à uma ameaça global sem precedentes – no combate à crise climática, e visa mostrar a relevância dos impactos de padrões de consumo individuais sobre a pegada de carbono de habitantes da cidade de São Paulo. Assim, o objetivo geral da pesquisa é estimar o potencial de redução da pegada de carbono de um habitante da cidade de São Paulo a partir da adoção de mudanças de comportamento. Através de uma extensa revisão bibliográfica e do uso de ferramentas de inventários de ciclo de vida (Exiobase e Ecoinvent), foram coletados dados sobre a intensidade de consumo de diversos produtos e serviços pelos habitantes da cidade de São Paulo – nos domínios de alimentação, bens de consumo, habitação, lazer, mobilidade e serviços – e sua respectiva emissão de gases de efeito estufa (GEE). Esta pesquisa também foi combinada com consultas às comunidades locais (entrevistas em profundidade), serviram de base para a definição de mudanças de comportamento com o potencial de reduzir a pegada de carbono dos indivíduos da região. Os primeiros resultados mostraram que, apesar da pegada de carbono individual média dos habitantes da cidade de São Paulo (4,16 tCO2e per capita) ser similar à média global (4,0 tCO2e per capita), ainda há necessidade de adoção de novos hábitos de consumo menos intensivos em carbono para que os consumidores possam contribuir positivamente para reduzir, amenizar ou até mesmo mitigar os impactos negativos da mudança do clima. Também foi encontrado que o principal contribuinte para as emissões de GEE de um habitante da cidade de São Paulo é o domínio de mobilidade (44,6%). Por ora, o presente estudo fornece aos paulistanos um “roteiro” de como visualizar e adotar caminhos viáveis para um futuro de baixo carbono e, como próximo passo, o estudo permitirá compreender de que forma a adoção de tais comportamentos sugeridos possibilita, de fato, a redução da pegada de carbono individual dos habitantes do município de São Paulo e, consequentemente, compreender de que forma a sociedade civil pode colaborar com o cumprimento das metas do Acordo de Paris.