Acessibilidade em Ambientes Virtuais de Aprendizagem sob a perspectiva do Desenho Universal
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência garante os direitos de acesso, inclusão e participação das pessoas com deficiência (PcD) em diferentes esferas da sociedade. Porém, para conviver nesses espaços, reais ou virtuais, as PcD precisam que eles sejam projetados em uma perspectiva inclusiva. No contexto educacional, considerando os espaços virtuais, há os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), nos quais existe a necessidade de desenvolver elementos que permitam a autonomia em todas as formas de interação e interatividade que o ambiente propõe. Este trabalho tem como principal objetivo elaborar, categorizar e avaliar um conjunto de critérios de acessibilidade visando o desenho universal para elaboração de cursos e disciplinas instanciados em ambientes virtuais de aprendizagem. Com esse propósito foi elaborado um conjunto de critérios de acessibilidade, com base no levantamento realizado por meio de um mapeamento sistemático da literatura. Os critérios foram categorizados em Design de Interação, Design Visual e Design de Conteúdo Visual, Audiovisual e Verbal, de acordo com o Design Psicologicamente Inclusivo, além de serem classificados em função de quem pode aplicá-los (desenvolvedores de sistemas, designers instrucionais e educadores). Em seguida, foi criada uma lista, com base no refinamento do conjunto, com critérios aplicáveis por educadores para dar suporte à estruturação de cursos e disciplinas mais acessíveis, instanciados em ambientes virtuais de aprendizagem. A lista foi avaliada em duas etapas: (i) 13 especialistas, profissionais da educação e da educação especial e inclusiva, avaliaram 9 critérios de qualidade -- relevância, corretude, consistência, clareza, inequívoco, completude, autenticidade, flexibilidade, usabilidade; e, (ii) avaliação da usabilidade e flexibilidade da lista aplicando em um cenário real, o AVA Moodle instalado e configurado para a Universidade Federal do ABC. A avaliação qualitativa das respostas dos especialistas aponta a relevância, autenticidade e flexibilidade da lista. O Moodle utilizado para os testes, com um plugin de acessibilidade instalado, atende critérios como acesso por leitores de tela, opções de alteração das cores para visualização e possibilidade de diferentes formas de acessar e concluir atividades abertas. Contudo, continua com deficiências para disponibilização dos conteúdos em Libras, opções para visualização de vídeos, limitações aos tipos de conteúdo disponibilizados em fóruns e ampla dependência dos conhecimentos do educador sobre acessibilidade para manipulação do conteúdo. Ambas etapas avaliativas indicaram aprimoramentos de qualidade, especialmente para melhoria da usabilidade da lista de critérios de acessibilidade. A avaliação com o Moodle permitiu verificar também a aderência de um AVA à lista, durante a elaboração de cursos e disciplinas mais inclusivos por educadores; como resultado, foram obtidas evidências de que o ambiente requer evolução e atenção principalmente em aspectos relacionados a vídeos e a conteúdo em Libras, considerando o cenário de teste.