Impregnação de misturas de poli(L-ácido láctico)/lignina com extrato de própolis verde brasileiro (PVB) assistida por CO2 supercrítico
A preocupação quanto ao alto volume de polímeros produzidos que são descartados de maneira inadequada e o impacto ambiental que é causado devido ao longo tempo para degradação desses materiais alavancou a busca de alternativas para substituição de polímeros de origem sintética. O uso do poli(L-ácido-láctico) (PLLA), polímero biodegradável e biocompatível e que apresenta afinidade com dióxido de carbono no estado supercrítico (CO₂-sc) e da lignina, polímero de origem renovável com grande disponibilidade e que apresenta resistência UV e estabilidade térmica, oferecem alternativas promissoras neste sentido. A impregnação assistida por CO₂-sc substitui os solventes convencionais, agindo como plastificante e incorporando agentes funcionais nos polímeros, como o extrato de própolis verde brasileira (PVB), conhecido por propriedades antibacterianas e antimicrobianas. Sistemas poliméricos têm mostrado avanços em liberação controlada de compostos bioativos e degradação, com aplicações em embalagens ativas, cosméticos, medicina e agricultura. Neste trabalho buscou-se estudar a influência da composição de misturas de PLLA/lignina (0 a 20% em massa de lignina) no processo de impregnação via CO₂-sc de PVB. A morfologia dos materiais foi caracterizada por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e microscopia óptica de luz polarizada com sistema de aquecimento Linkam (POM). Os materiais foram também caracterizados por calorimetria exploratória diferencial (DSC), espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) e ressonância magnética nuclear (RMN). Os melhores índices de impregnação ocorreram nas misturas 85/15 e 90/10, atingindo 17,4 e 7,9%, respectivamente. A dispersão da lignina, avaliada por POM, demonstrou menor formação de aglomerados com o aumento do tempo de homogeneização na etapa de preparação das misturas em uma microextrusora dupla-rosca cônica. A ação plastificante do CO₂-sc foi confirmada pela redução da temperatura de transição vítrea, observada por DSC, além de alterações na temperatura de fusão das misturas analisadas.