ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS NA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E NAS EMISSÕES DE CO2 A PARTIR DA SUBSTITUIÇÃO DO USO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS POR BIOMETANO
O atual cenário de desenvolvimento tecnológico mundial traz consigo uma crescente demanda energética. Paralelamente, o desenvolvimento econômico aliado ao aumento no consumo tem como consequência um aumento na geração de resíduos sólidos. Ambos os cenários resultam em obstáculos à manutenção ambiental, bem como à saúde pública. Nesse sentido, a valorização energética dos resíduos sólidos contribui para a diversificação da matriz energética, ao mesmo tempo em que se mostra como solução para o tratamento de um passivo ambiental. Este trabalho tem como objetivo avaliar as alternativas de tratamento da fração orgânica de resíduos sólidos urbanos com recuperação energética e seus impactos na geração de energia e nas emissões de CO2.
No primeiro resultado (artigo I), dois cenários foram comparados: fração orgânica submetida a biodigestão anaeróbia em biodigestor versus destinada em aterro sanitário. Os resultados experimentais mostraram que a partir de um montante da FORSU de Santo André é possível gerar 6,3 milhões de Nm³ CH4/ano em biodigestor, enquanto de acordo com a literatura é possível gerar cerca de 58,25% a menos em aterro sanitário quando a fração destinada ao aterro é apenas a FORSU (sem mistura com demais frações combustíveis passíveis de biodigestão. Já no segundo resultado (artigo II), foi estudado o impacto que a substituição do biometano por gás natural tanto para geração de energia elétrica quanto para processos industriais poderia trazer em termos energéticos e de emissões de CO4. O estudo revela que substituir o gás natural por biometano produzido a partir da FORSU de Santo André para geração de energia elétrica pode reduzir o consumo de energia elétrica advinda de termelétricas movidas a gás natural de 79 a 100%, reduzindo também as emissões de dióxido de carbono (CO2) fóssil em comparação com a situação atual. Analogamente, ao substituir o consumo de gás natural nos processos industriais pelo biometano, os potenciais máximos e mínimos de geração de biometano poderiam reduzir de 1 a 3,25% o volume de gás natural utilizado, reduzindo também as emissões de CO2.
Contudo, a capacidade de geração de biometano enfrenta desafios e oportunidades; quando o biometano é gerado em aterro, a presença de frações combustíveis misturadas com a fração orgânica prejudica que o processo de biodigestão anaeróbia seja mais eficiente ou então quando o biometano é gerado a partir da operação do setor sucroalcooleiro, dada a sazonalidade da safra, a oferta de biometano pode não ser intermitente, oportunizando a complementariedade entre os cenários. Fatores como a integração do biometano nas tubulações de gás natural, preços competitivos e a substituição de frotas também são importantes para expandir o uso do biometano. O trabalho conclui que as frações orgânicas de resíduos sólidos de Santo André são adequadas para a produção de biometano e a substituição de combustíveis fósseis, contribuindo para a diversificação da matriz energética e elétrica brasileira, bem como para redução das emissões de gases do efeito estufa, atingindo os objetivos propostos.