AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE METANIZAÇÃO DOS RESÍDUOS ALIMENTARES DOS RESTAURANTES UNIVERSITÁRIOS DA UFABC USANDO REATORES DE BANCADA
Além dos benefícios energéticos, o aproveitamento dos resíduos alimentares para a produção de biogás contribui para a redução do impacto ambiental. A digestão anaeróbica minimiza a quantidade de resíduos enviados aos aterros sanitários e reduz as emissões de gases de efeito estufa associadas à decomposição de matéria orgânica em condições aeróbicas. Dessa forma, o estudo destaca o potencial do biogás como uma solução sustentável para o manejo de resíduos e a geração de energia renovável. Este trabalho visa estudar o potencial de metanização dos resíduos gerados pelos Restaurantes Universitários (RU) da Universidade Federal do ABC (UFABC), utilizando reatores de bancada do tipo batelada e CSTR e avaliando o potencial de substituição do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) utilizado no preparo dos alimentos pelo biogás gerado. Para atingir esses objetivos, foram coletadas amostras compostas de restos alimentares dos restaurantes universitários, e essas amostras foram caracterizadas quanto à densidade aparente, sólidos totais, voláteis e fixos. Em seguida, foi desenvolvido um sistema de reatores de bancada cujo desempenho foi avaliado em relação à produção de biogás e nível de degradação dos sólidos voláteis. Além disso, determinou-se o potencial bioquímico de metano (BMP) e a análise elementar das amostras submetidas ao reator, comparando os valores teóricos obtidos a partir da análise elementar com os obtidos experimentalmente. Os resultados mostraram que a densidade aparente dos resíduos dos pratos teve uma média de 588,28 kg/m³, enquanto os resíduos dos preparos apresentaram uma densidade média de 340,75 kg/m³. Em relação aos sólidos totais e voláteis, os preparos apresentam uma porcentagem média de sólidos totais de 12,5% e sólidos voláteis de 10,9%, resultando em um percentual de sólidos voláteis em relação aos sólidos totais de 87,3%. Os restos dos pratos têm uma porcentagem de sólidos totais de 24,8% e sólidos voláteis de 23,4%, resultando em um percentual de sólidos voláteis em relação aos sólidos totais de 94,2%. Nos reatores de bancada, o balanço de massa indicou uma conversão substancial dos sólidos voláteis em biogás, com reduções notáveis de ST e SV entre a entrada e a saída dos reatores. Quanto PBM, o desempenho teórico e experimental variou entre os ciclos. No Ciclo 6, o PBM teórico foi de 517,2 mL CH₄/gVS, enquanto o experimental atingiu 415,29 NmL/gSV. No Ciclo 7, o PBM teórico foi de 592,14 mL CH₄/gVS, com o experimental de 500 NmL/gSV. Já no Ciclo 8, o PBM teórico foi de 572,52 mL CH₄/gVS, e o experimental de 500,51 NmL/gSV. Esses valores mostram um potencial expressivo de geração de biogás, especialmente nas misturas de resíduos de pratos, que apresentaram melhor eficiência. Com base nesses resultados, conclui-se que os resíduos alimentares dos RUs possuem um alto potencial para a digestão anaeróbica, com impacto positivo na geração sustentável de biogás e no aproveitamento de resíduos orgânicos.