AULA-ACONTECIMENTO: O ENSINO DE FILOSOFIA NO CONTEXTO ESCOLAR DE VIOLÊNCIA E PRECONCEITO
A presente dissertação pretende uma reflexão filosófica na área de ensino de Filosofia, de modo específico a aula de filosofia enquanto acontecimento e sua possibilidade de ser um espaço de exercício de discussão e problematização com relação ao problema da violência vivenciada no cotidiano escolar nas diversas formas de preconceitos. Esta pesquisa está estruturada a partir dos registros de experiência de uma sequência didática proposta ao longo de aproximadamente um bimestre, correspondendo aos meses de agosto e setembro, com o total de seis aulas nas quais o tema central abordado foi a violência na escola, especificamente a unidade escolar na qual estamos inseridos. A problematização da temática da violência permite perceber a amplitude que a aula de filosofia assume quando os seus sujeitos passam a colocar a realidade como problema filosófico. Os âmbitos do tempo, do espaço e da atitude daqueles que de uma aula fazem parte - professor e estudante - aparecem como signos de representação de uma aula que pode ter como temática um aspecto da realidade concreta do estudante e do professor. No que diz respeito à violência na escola, é fundamental a discussão acerca do poder disciplinar ao qual estão submetidos os sujeitos envolvidos na educação, poder este que é violento no modo que afeta o corpo dos indivíduos. Violentar, excluir e discriminar é violentar o corpo do sujeito. Deste modo, a partir dos relatos de experiência da sequência didática aplicada e das reflexões dela surgidas, torna-se possível pensar em uma aula de filosofia que abrange os aspectos da vida concreta, ou que traz para a discussão filosófica questões que fazem parte do cotidiano mais que ainda estão à margem da problematização que poderiam ter, bem como perceber que, na aula de filosofia, cada estudante pode colocar-se diante da reflexão de aspectos vivenciais nos quais ele mesmo pode se ver reconhecer-se. A aula de filosofia, neste sentido, se mostra como uma experiência e um espaço de discussão e problematização de algo que o estudante conhece, entende e vivencia em seu próprio corpo, no caso a violência nas várias formas de preconceito.