A EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA E O CINEMA: UM ENSINO DE FILOSOFIA A PARTIR DA ESTÉTICA E DA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA NA OBRA DE ALFRED HITCHCOCK
RESUMO
Nesta pesquisa apresento a construção, a execução e os resultados de um projeto elaborado sobre cinema e filosofia, a partir das experiências vivenciadas ministrando aulas de Filosofia na Escola Estadual Cidade de Hiroshima, situada na região metropolitana de São Paulo. A pesquisa disserta e problematiza sobre a produção estética do suspense no cinema de Alfred Hitchcock para pensar o Ensino de Filosofia, considerando o público da segunda série do Ensino Médio. O objetivo principal é produzir experiências cinematográficas capazes de levar à conversão, desnaturalização e/ou transformação da percepção, da sensibilidade e do olhar dos estudantes, bem como da docente responsável pela pesquisa, usando o conceito de cinema como experimentação filosófica de Alain Badiou. A hipótese é que a experimentação filosófica propiciada pelo cinema se dá através de rupturas e de sínteses disjuntivas que são oferecidas pelas pistas e pelos indícios que são apresentados nas obras cinematográficas de Hitchcock. A pesquisa relata as experiências iniciais do uso do cinema em sala de aula como agente de sensibilização e como recurso didático-pedagógico e apresenta a mudança para um novo paradigma, que propõe uma abordagem do cinema através do campo da estética e da linguagem cinematográfica. Dentre os autores que deram subsídios e fundamentações técnicas, históricas, teóricas e metodológicas para a construção da pesquisa, destacam-se: Inácio Araújo, Jacques Aumont, David Bordwell, e François Truffaut. Como resultados da pesquisa, apresento e discuto o material didático que foi elaborado para trabalhar com a produção estética do suspense no cinema de Hitchcock no âmbito do Ensino de Filosofia e as experiências da professora-pesquisadora em sua aplicação junto ao público do Ensino Médio. Por fim, discorro sobre o papel do cinema de Hitchcock para o Ensino de Filosofia, em especial, a partir das pistas e indícios presentes na obra A sombra de uma dúvida (1943), sob a ótica de um paradigma indiciário (Ginzburg).