Uma abordagem pós-keynesiana do mark-up da indústria de transformação brasileira e seus determinantes: 2007-2017
O objetivo deste trabalho é promover uma investigação empírica do mark-up na indústria de transformação brasileira para o período entre 2007 e 2017. Para tanto, foi revisitado o arcabouço teórico pós-Keynesiano para o processo de precificação das firmas e contextualizada a situação da indústria de transformação brasileira para fundamentar a análise econométrica desenvolvida por meio da técnica de dados em painel. Para os pós-Keynesianos, as firmas operam predominantemente em mercados oligopolistas e os preços são definidos de maneira ativa pelas firmas para atender suas pretensões relativas ao crescimento e perpetuação de suas atividades. Dentro do pensamento pós-Keynesiano, existem algumas variantes para o processo de precificação, mas em todas, os preços são definidos pela adição de uma margem sobre os custos das firmas. No contexto de redução da importância relativa na atividade econômica nacional, regressão no caráter tecnológico da produção e crescente concorrência externa, os mark-ups do setor da indústria de transformação brasileira e dos seus grupos internos apresentaram variações significantes no período entre 2007 e 2017. Com base nos dados disponíveis para os grupos que compõem a indústria de transformação brasileira, a presente pesquisa desenvolveu uma investigação empírica para avaliar quais foram os fatores que apresentaram relação com o mark-up do setor no período estudado. Os resultados gerados pelas estimações sugerem uma correlação positiva do mark-up dos grupos do setor da indústria de transformação com o valor adicionado e a taxa de juros de longo prazo. Já para as despesas com impostos a correlação no período assumiu sentido oposto. Destaque para o resultado das variáveis dummies para os anos de 2009 e 2016 que apresentaram significância estatística e relação positiva com o mark-up, sugerindo uma expansão do mark-up em períodos de extrema incerteza política e econômica.