A PRESENÇA VALE NOTA, PROFESSOR? Desempenho de estudantes do ensino superior na modalidade EAD
O objetivo desta pesquisa é avaliar se existe diferença no desempenho de estudantes de ensino superior na modalidade a distância e identificar as diferenças médias de resultados obtidas em testes padronizados. O EAD no ensino superior se expandiu nos últimos anos de modo que, em 2019, o número de estudantes matrículados chega a 2,45 milhões para 4529 cursos. O número de cursos de graduação EAD mais que dobra entre 2017 e 2019. O aumento da oferta de vagas e cursos por meio da modalidade levantou questões relacionadas ao desempenho desses estudantes. A preocupação com a qualidade do processo de ensino e aprendizagem tem fomentado estudos de avaliação de resultados educacionais, no entanto, os resultados de estudantes nessa modalidade ainda são pouco explorados. A relativa escassez de estudos pode ser associada à legislação que só recentemente flexibilizou as condições de oferta na modalidade. Nesse sentido, tornou-se possível uma amostra maior de cursos em diferentes áreas do saber sendo ofertados nas duas modalidades, presencial e a distância, viabilizando análises comparadas. Nesta pesquisa, a base de dados utilizada inclui mais de 1 milhão de estudantes que realizaram a prova do ENADE em 2017, 2018 e 2019. Essa base engloba todos os cursos avaliados pelo INEP que possuem as duas modalidades. A amostra aqui analisada considera os resultados alcançados nas provas padronizadas e as características socioeconômicas desses estudantes. São utilizados dois tipos de exercícios empíricos para estimar o efeito de tratamento médio associado às notas obtidas nas provas padronizadas: os métodos de mínimos quadrados ordinários e o pareamento por escore de propensão. Os resultados indicam que, em ambos os métodos, as diferenças são estatisticamente significantes e favoráveis para os cursos presenciais. No entanto, a magnitude dessas diferenças é pequena, variando entre 0,5% a 3,5% a menos para as notas dos estudantes de EAD.