DISPARIDADES DE GÊNERO NAS ATITUDES SOBRE LIVRE COMÉRCIO E GLOBALIZAÇÃO
Nas últimas décadas a globalização proporcionou uma crescente participação do mercado brasileiro na economia mundial, apresentando-se como importante fornecedor de insumos, além de atrair investimentos estrangeiros e recepcionar em território nacional grandes corporações. Em termos gerais, esta movimentação econômica trouxe, em sua maioria, benefícios ao Brasil, mas também uma preocupação com as ameaças que podem se apresentar para a economia local, como a estabilidade econômica, qualidade dos produtos e serviços oferecidos, oferta de emprego, impactos ambientais, concorrência, dentre outros fatores. Sendo assim, a opinião pública sobre abertura comercial está longe de ser unânime e consensual uma vez que envolvem diferentes interesses de trabalhadores, consumidores, empresários e atores estatais.
Devido à crescente relevância do papel feminino na economia e à sua inserção significativa no mercado de trabalho, torna-se crucial analisar as atitudes em relação à globalização e ao livre comércio sob a perspectiva de gênero. Dessa forma, o objetivo deste estudo é analisar as diferenças de opinião entre homens e mulheres brasileiros em relação à abertura econômica e à globalização. Utilizando estudos anteriores e pesquisas de opinião recentes, procuramos compreender as razões pelas quais as mulheres são menos propensas a apoiar o livre comércio entre nações e mais resistentes à globalização econômica.
Para atingir esse objetivo, analisamos os estudos do projeto BRASIL, AS AMÉRICAS E O MUNDO, organizado pelo CEBRAP, a partir de surveys coletados em 2010, 2014, 2018, com 2000, 1881 e 1849 entrevistados respectivamente. Inicialmente, os dados foram analisados em sua totalidade para um conjunto de perguntas selecionadas. Em seguida, por meio de múltiplas regressões lineares, foram analisadas as variáveis, renda, escolaridade, idade e sexo, para identificar sua influência específica no apoio à abertura comercial e à globalização.